sexta-feira, 1 de julho de 2016

Contos de fadas e outros clássicos: características, personagens, questões de gênero e um pouco mais...

1. Qual a relação que se pode estabelecer entre autoria individual e os Contos de Fadas?

Oriundos em grande parte da sabedoria popular, readaptados por diferentes escritores, em diferentes epocas e contextos, os Contos de Fadas podem ser considerados atemporais, dadas a universalidade e contemporaneidade de que são constituídos. Caracterizam-se por proporcionar condições em que o leitor se identifica com os fatos ou ainda, com características e situações vivenciadas pelos personagens, ou seja, ocorre uma “suspensão de descrença”, conforme designação criada pelo poeta inglês Samuel Taylor Coleridge. As obras que constituem esta categoria diferenciada de clássicos literários, permitem que problemas psicológicos, relacionamentos sociais, medos e anseios humanos, sejam trabalhados de forma simbólica, sendo que ao final destas experiências emocionais, há uma reiteração da importância de se acreditar nas  próprias capacidades como forma de superação de obstáculos e dificuldades.

2. De acordo com a autora, por que as pessoas contam histórias?

A criação de histórias, geralmente marcadas pela utilização de simbologias e ritos de passagem (de uma idade para outra, de um estado civil para outro), tem como objetivo confrontar diferentes cenários sócioespaciais e culturais sob um viés reflexivo onde ao final, o mais fraco sai vitorioso e “vive feliz para sempre”, deixando subentendido que todos temos capacidades plenas de persistir na busca de realizações pessoais, ainda que sejamos colocados à prova, como ocorrem com os heróis e mocinhas que protagonizam os fatos. Quando estas narrativas são recontadas, utilizando-se de linguagens poéticas, metafóricas e coloridas, são propostos contatos com vidas diferentes, trazendo intrínsecas soluções e novas perspectivas para a resolução de problemas, derivando daí, a sua importância.

3. Qual a posição da autora em relação às adaptações dos Contos de Fadas?

Antes de qualquer esboço de adaptação, a autora reforça a ideia de que é preciso conhecer a fundo os contos de fadas, estar ciente de que as linguagens e fatos narrados derivam de uma epoca e contexto histórico distinto do atual, de forma que os desfechos apresentados não incorram no caso de beirarem o absurdo. Segundo ela, “essas versões expurgadas dos contos de fadas, em nome do moralismo, do didatismo, do realismo ou do "politicamente correto", na melhor das hipóteses costumam combinar duas características que não são apenas uma rima, mas uma lástima: arrogância e ignorância.” (MACHADO, p. 05)
A autoria popular e despretensiosa dos contos populares não pode ser revestida de unilateralismos ou pasteurizações, ainda que na maioria das vezes, o adaptador contemple isso sob um caráter benéfico. Trata-se de um processo que demanda muito tato, de forma a evitar substimações daqueles detalhes que não são encontrados sob a forma literal no transcorrer da leitura.

4. Aponte como você tem trabalhado com os contos de fadas na sala de aula ou poderia trabalhar.

Vou citar o exemplo de um projeto que desenvolvi com um de meus primeiros anos do Ensino Fundamental, onde trabalhei com a história da Chapeuzinho Vermelho. Eu trabalho apenas duas horas semanais com esta turma.
Inicialmente, conversei com os alunos se já conheciam a história. A grande maioria deles já a conhecia. Então, optei por relembrar a história oralmente, sem o auxílio de livros.  Para descontrair, escolhi alguns alunos que deveriam fazer as falas de alguns personagens durante a narrativa.
Num primeiro momento, elaboramos a dobradura da Chapeuzinho Vermelho, porque ainda estávamos no início do Ano Letivo e os alunos não tinham domínio da escrita. Em seguida, conversamos sobre a desobediência da menina às ordens maternas e o quanto isso lhe trouxe de transtornos no decorrer da trama. Então, os orientei a desenhar a parte da história que mais tinham gostado.
Na outra aula, li para eles o poema “Chapeuzinho Amarelo” e conversamos sobre a importância de lidarmos com os nossos medos e inseguranças. Traçamos características comuns entre a história conhecida comumente e esta adaptação, realizada por Chico Buarque de Holanda. Propus uma atividade com expressões faciais e cores, onde os alunos precisavam identificar as cores que representavam cada sensação, por exemplo: vermelho: raiva, vergonha; verde = enjoo; roxo = tristeza, branco = tranquilidade, etc.
Para finalizar, fizemos uma dinâmica chamada “Cadê seu lobo?”
Na terceira semana, os alunos assistiram o filme “Deu a louca na Chapeuzinho”, uma comédia onde a Chapeuzinho Vermelho é investigada como suspeita após o desaparecimento de um livro de receitas.
Na quarta semana, conversamos sobre as características da menina do filme e aquelas que costumeiramente, são subentendidas durante a leitura deste conto de fadas.
Depois, foram produzidos dedoches representando os personagens e no final da aula, propus uma dinâmica chamada “Detetive”.
Após finalizarmos este projeto, é comum ouvir deles que querem brincar de “Cadê seu lobo?” ou “Detetive”, ou ainda, cantando baixinho a música da Chapeuzinho Vermelho enquanto realizam suas atividades.
  

REFERÊNCIAS


ÀVILA. Ivany  S. Contos de fadas e outros clássicos: características, personagens, questões de gênero e um pouco mais... Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/1612450/mod_resource/content/1/6%20e%207%20semana.pdf, acessado em 06 de jullho de 2016.

MACHADO. Ana Maria. Encantos para sempre. Capítulo 7. Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/1612451/mod_resource/content/2/Texto%20aula%206%20e%207.pdf, acessado em 06 de julho de 2016.