1. Qual a relação que se pode estabelecer entre autoria individual e os
Contos de Fadas?
Oriundos
em grande parte da sabedoria popular, readaptados por diferentes escritores, em
diferentes epocas e contextos, os Contos de Fadas podem ser considerados
atemporais, dadas a universalidade e contemporaneidade de que são constituídos.
Caracterizam-se por proporcionar condições em que o leitor se identifica com os
fatos ou ainda, com características e situações vivenciadas pelos personagens,
ou seja, ocorre uma “suspensão de descrença”, conforme designação criada pelo
poeta inglês Samuel Taylor Coleridge. As obras que constituem esta categoria
diferenciada de clássicos literários, permitem que problemas psicológicos,
relacionamentos sociais, medos e anseios humanos, sejam trabalhados de forma
simbólica, sendo que ao final destas experiências emocionais, há uma reiteração
da importância de se acreditar nas
próprias capacidades como forma de superação de obstáculos e
dificuldades.
2. De
acordo com a autora, por que as pessoas contam histórias?
A criação
de histórias, geralmente marcadas pela utilização de simbologias e ritos de
passagem (de uma idade para outra, de um estado civil para outro), tem como
objetivo confrontar diferentes cenários sócioespaciais e culturais sob um viés
reflexivo onde ao final, o mais fraco sai vitorioso e “vive feliz para sempre”,
deixando subentendido que todos temos capacidades plenas de persistir na busca
de realizações pessoais, ainda que sejamos colocados à prova, como ocorrem com
os heróis e mocinhas que protagonizam os fatos. Quando estas narrativas são
recontadas, utilizando-se de linguagens poéticas, metafóricas e coloridas, são
propostos contatos com vidas diferentes, trazendo intrínsecas soluções e novas
perspectivas para a resolução de problemas, derivando daí, a sua importância.
3. Qual a
posição da autora em relação às adaptações dos Contos de Fadas?
Antes de
qualquer esboço de adaptação, a autora reforça a ideia de que é preciso
conhecer a fundo os contos de fadas, estar ciente de que as linguagens e fatos
narrados derivam de uma epoca e contexto histórico distinto do atual, de forma
que os desfechos apresentados não incorram no caso de beirarem o absurdo. Segundo
ela, “essas
versões expurgadas dos contos de fadas, em nome do moralismo, do didatismo, do
realismo ou do "politicamente correto", na melhor das hipóteses
costumam combinar duas características que não são apenas uma rima, mas uma
lástima: arrogância e ignorância.” (MACHADO, p. 05)
A
autoria popular e despretensiosa dos contos populares não pode ser revestida de
unilateralismos ou pasteurizações, ainda que na maioria das vezes, o adaptador
contemple isso sob um caráter benéfico. Trata-se de um processo que demanda
muito tato, de forma a evitar substimações daqueles detalhes que não são
encontrados sob a forma literal no transcorrer da leitura.
4. Aponte
como você tem trabalhado com os contos de fadas na sala de aula ou poderia
trabalhar.
Vou citar
o exemplo de um projeto que desenvolvi com um de meus primeiros anos do Ensino
Fundamental, onde trabalhei com a história da Chapeuzinho Vermelho. Eu trabalho
apenas duas horas semanais com esta turma.
Inicialmente,
conversei com os alunos se já conheciam a história. A grande maioria deles já a
conhecia. Então, optei por relembrar a história oralmente, sem o auxílio de
livros. Para descontrair, escolhi alguns
alunos que deveriam fazer as falas de alguns personagens durante a narrativa.
Num
primeiro momento, elaboramos a dobradura da Chapeuzinho Vermelho, porque ainda
estávamos no início do Ano Letivo e os alunos não tinham domínio da escrita. Em
seguida, conversamos sobre a desobediência da menina às ordens maternas e o
quanto isso lhe trouxe de transtornos no decorrer da trama. Então, os orientei
a desenhar a parte da história que mais tinham gostado.
Na outra
aula, li para eles o poema “Chapeuzinho Amarelo” e conversamos sobre a
importância de lidarmos com os nossos medos e inseguranças. Traçamos
características comuns entre a história conhecida comumente e esta adaptação,
realizada por Chico Buarque de Holanda. Propus uma atividade com expressões faciais
e cores, onde os alunos precisavam identificar as cores que representavam cada
sensação, por exemplo: vermelho: raiva, vergonha; verde = enjoo; roxo =
tristeza, branco = tranquilidade, etc.
Para
finalizar, fizemos uma dinâmica chamada “Cadê seu lobo?”
Na
terceira semana, os alunos assistiram o filme “Deu a louca na Chapeuzinho”, uma
comédia onde a Chapeuzinho Vermelho é investigada como suspeita após o
desaparecimento de um livro de receitas.
Na quarta
semana, conversamos sobre as características da menina do filme e aquelas que
costumeiramente, são subentendidas durante a leitura deste conto de fadas.
Depois,
foram produzidos dedoches representando os personagens e no final da aula,
propus uma dinâmica chamada “Detetive”.
Após
finalizarmos este projeto, é comum ouvir deles que querem brincar de “Cadê seu
lobo?” ou “Detetive”, ou ainda, cantando baixinho a música da Chapeuzinho
Vermelho enquanto realizam suas atividades.
REFERÊNCIAS
ÀVILA. Ivany S. Contos
de fadas e outros clássicos: características, personagens, questões de
gênero e um pouco mais... Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/1612450/mod_resource/content/1/6%20e%207%20semana.pdf,
acessado em 06 de jullho de 2016.
MACHADO. Ana Maria. Encantos para sempre. Capítulo 7.
Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/1612451/mod_resource/content/2/Texto%20aula%206%20e%207.pdf,
acessado em 06 de julho de 2016.