quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Metodologias de Ensino de Adição e Subtração para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental

É sabido que, antes mesmos de chegar a idade escolar, as crianças já estão habituadas a noções como ganhar, perder, tirar, juntar, comparar, embora ainda não saibam as designações adequadas que cada ato em si, deva receber. Trata-se de um estágio inicial de aprendizado, que demanda explicações minuciosas, repetitivas, que intercalem momentos coletivos com individuais.
Embora eu não tenha experiência com alfabetização matemática, já tive uma  turma de terceiro ano onde a disciplina de Matemática estava sob minha responsabilidade e, assim como aprendi, achava estar no caminho certo quando reforçava no aluno a ideia de que deveria encontrar palavras chaves nas situações-problemas, já que as mesmas seriam facilitadoras do processo de compreensão/resolução do mesmo.
No entanto, as abordagens das operações aritméticas na atualidade dizem justamente o contrário: há um novo jeito de fazer contas, à exemplo da perspectiva do campo aditivo, desenvolvido nos estudos realizados pelo francês Gérard Vergnaud, em 1977, onde o aluno é instigado a percorrer caminhos diversos para chegar até o resultado. O ensino de adição e de subtração, tratado nestes moldes, passa a valorizar tanto ou mais as estratégias, a maneira como o aluno as defende e valida o processo, a comparação com as soluções dos colegas, que o resultado propriamente dito. 
Percebe-se que o algoritmo tradicional, ou a conta armada, como se diz mais comumente, embora seja importante e precise ser ensinado, deixa de ser a única forma de calcular, sobretudo, em função da sob a sua forma mecânica, sem que o aluno comprenda o que está fazendo.
Outro aspecto do texto que chamou a minha atenção é que ao iniciar o trabalho, seja com adições, seja com subtrações, é preciso dedicar especial atenção à utilização de materiais concretos, sendo de grande valia trabalho com tampinhas, canudinhos, pedrinhas, material dourado, etc. Lembro que quando eu estava aprendendo a realizar as primeiras continhas, era comum que a professora nos pedisse que levasse palitos de fósforos queimados, ou ainda, feijões, os quais eram utilizados para auxiliar durante as  contagens. Esse procedimento é muito importante para construir abstrações quanto à quantidades maiores na sequência, sobretudo, ao envolverem cálculos mentais.
Todavia, fiquei feliz porque, quando utilizo a sapateira na resolução de subtrações e adições, estava indo pelo caminho certo, por assim dizer, porque a descrição do autor, em alguns aspectos se assemelha com o processo que costumava utilizar, ainda que de hora em diante, precise estar mais atenta à utilização da expressão “empresta um”, inadequada por referir-se na verdade a uma troca no valor posicional daquele determinado algarismo naquela situação. 

REFERÊNCIAS

COSTA. Carolina.Somar e subtrair: operações irmãs. Disponível em: http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/somar-subtrair-operacoes-irmas-500497.shtml, acessado em 31 de outubro de 2016.


SMOLE. Kátia Stocco; MUNIZ. Cristiano Alberto. A matemática em sala de aula: reflexões e propostas para os anos iniciais do ano inicial. Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/1713676/course/section/1269614/bittar_freitas_pais_cap1.pdf, acessado em 31 de outubro de 2016.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

A Matemáticas e minhas didáticas de Ensino

        A Matemática aparece entrelaçada ao ensino de Geografia, já que é possível trabalhar extensões territoriais, dados demográficos, infográficos, distâncias, escalas, projeções, coordenadas geográficas,
amplitudes térmicas, altitudes, entre tantos outros conceitos geográficos que podem ser elencados de forma numérica.
        Desta forma,  a exploração deste caráter interdisciplinar sempre é de grande valia no transcorrer das didáticas de ensino.


         Já no trabalho com os pequenos, procuro desenvolver atividades com formas geométricas (dobraduras), brincadeiras com classificações (por cores, texturas, tamanhos, alturas, velocidade, contém/não contém, etc.), atividades que demandem atenção, contagens, sequenciamentos (brincadeiras como a do 1, 2, PUM, 4, 5, PUM...). 
           Todavia, percebo que as atividades que envolvem movimentação corporal são, sem dúvidas, aquelas que soam-lhes mais atrativas. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

O Professor, do trabalho árduo ao reconhecimento social merecido!

        Pensar nosso dia a dia como professores, é pensar nas bolinhas de papel nos inúmeros diários para corrigir, nas críticas e nas noites mal dormidas...
         É pensar o quanto ainda dedicamos de créditos aos nossos sonhos, de tornarmos possíveis os sonhos do  mundo... de usarmos nossa vocação para despertar a vocação de outrens...
         Parece-me injusto pararmos para pensarmos neste profissional apenas no 15 de outubro, quando em nosso dia a dia, lidamos com tantas e múltiplas dificuldades! 
         Nossa rotina é dura, nos impele a persistência. Mas que outra profissão nos permitiria olhar nos olhos dos olhos com tamanha dedicação a ponto de ali, vislumbrar felicidade ou tristezas?
         Na matemática de nossa vida, aprendemos que dividir é sempre a melhor solução. Então, dividimos nossa vida, nosso tempo, nossa dedicação, sempre buscando pelas melhores soluções. Isso nos faz grandes, nobres, pois vemos nosso coração sendo lapidado todos os dias.
         Dia 15, receberemos homenagens, frases poéticas, abraços carinhosos, nos sentiremos especiais, porque, cá pra nós, que ofício maravilhoso este o nosso, mesmo em meio a tudo e tantos! 
         Então, com todo o respeito e importância que dedico ao Magistério, desejo que a sociedade finalmente passe a nos ver com o devido valor que representamos, pois afinal de contas, somos as engrenagens que movimentam todo o futuro, já que nenhuma outra profissão o é, sem passar anteriormente pelas nossas mãos! 



quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Fé, ciência e medicina: entre aproximações e distanciamentos

Historicamente, a relação entre Ciência e Fé tem passado por várias fases, hora por distanciamentos, hora por alianças. Em se tratando da Medicina, muitas foram as evoluções tecnológicas e científicas, a exemplo da terapia gênica e da clonagem. No entanto, ainda que representem progressos nas formas de tratamento, vez por outra, ainda produzem afastamento por porte daquela parcela da sociedade que permanece acreditando na influência da fé na cura de certas doenças. 
Todavia, uma outra questão que surge ainda mais latente é, como  falar de espiritualidade com um indivíduo de forma ética, sem passionismo religioso e com decoro? 
Nem de longe, parece-nos que o estabelecimento de regras e tratados de procedimentos comuns possam dar conta de satisfazer a amplitude desta questão, dado o caráter pessoal e individualista que agrega em si, além das inúmeras circunstâncias a serem consideradas. 
Sabe-se no entanto que, muito estudos dão conta de que a manifestação da espiritualidade pode afetar a saúde de forma detectável pela ciência, ou seja, é possível demonstrar que os aspectos psicológicos, sociais e religiosos da vida humana podem afetar o corpo físico. Tamanha é aproximação que, conforme aponta Koenig (2012, p. 07),  “hoje, existe um campo que vem crescendo bastante, chamado psiconeuroimunologia – intimamente relacionado à “medicina psicossomática” – que analisa como as experiências mentais e sociais podem afetar aspectos da saúde física.”
Um corpo saudável é aquele em pleno gozo de sua saúde mental, de suas funções imunológicas e endócrinas, bem como, suas funções cardiovasculares, com níveis de estresse equilibrados e que as anormalidades comportamentais de algum destes sistemas costumam provocar áreas de deficiência e em estágios mais avanços, agravos em forma de doenças físicas.
Se analisarmos o caso específico das nações ocidentais até o início do século passado, veremos a predominância de uma cultura balizada em pensamentos lineares e causalistas, onde o encantamento com avanços tecnológicos, configuram um consequente isolamento, quiçá, estímulo aos conflitos entre as questões espirituais e o pensamento científico. Notadamente, a década de 1950, trará ares renovadores à estas visões deterministas, pois como nos afimam Tillmann e Oliveira (2004, p. 55):

“É, em nosso entender, provável que as manifestações religiosas de Einstein, primeiramente expressas nos anos 1950, sejam, de parte do mundo científico da modernidade, um dos primeiros passos facilitadores desta aproximação. Nesse então, Einstein referiu que um cientista podia, efetivamente, ser um homem religioso. Ele, por exemplo, acreditava em uma perspectiva “cósmica, não antropomórfica”, de Deus. Apontava aí que o antropomorfismo era uma necessidade do homem comum para a religiosidade e suas interfaces com a Medicina, a Psicologia compreender a divindade. O cientista iria por outro caminho, mais abstrato, menos sincrético. Mas, ambos, sujeito da multidão e sujeito de ciência, podiam ver-se irmanados ante a circunstância divina. 

Num primeiro momento e dada a notabilidade de Einstein no campo científico, tem-se a impressão de que o mundo moderno saberia como lidar simultaneamente com espiritualidade e ciência. Vale lembrar que para a ciência constituir-se enquanto área de domínio disciplinar, precisou romper paradigmas dogmáticos impostos pela religiosidade que davam conta de explicações naturalizadas ou de ordem divina para os acontecimentos cotidianos ou fenômenos circunstanciais, sendo portanto,  considerados inquestionáveis. 
Parece que em outras áreas, esta aproximação aconteceu de forma mais espontânea que na medicina, já que as atitudes médicas continuam tratando saúde e doença apenas sob seu viés antagônico, conforme apontam os estudos realizados por Diniz (2006, p.)

(...) a saúde seria o pleno exercício dessa normatividade e a doença sua falência. A vida, não sendo fundada por nenhum princípio que a transcende, é o fundamento de todos os princípios e o limite a qualquer outra realidade. A vida humana é o objeto da prática médica; a medicina “existe como arte da vida e porque há homens que se sentem doentes e não porque existem médicos que os informam de suas doenças – o Pathos é anterior ao Logos. O médico tomou, explicitamente, o partido do ser vivo; ele está a serviço da vida, e é a polaridade dinâmica da vida que ele expressa quando fala em normal e patológico”

São inegáveis os numerosos os progressos científicos na medicina e no campo da biologia, juntamente com o crescimento assoberbador de conhecimentos. Ao final, o que se percebe é a necessidade de subespecializações.
Há que se dizer que, quando um médico opta por enxergar holisticamente o paciente que se encontra sob seus cuidados, é comum que seja alvo de estranhamento por parte dos colegas de profissão, sobretudo, em se tratando daqueles que concebem que as consultas médicas não devam atender o global, oferecendo ao paciente muito além da resolução de problemas físicos, psíquicas e espirituais. 
Além disso, ainda que a racionalidade médica reconheça a pessoa enferma como um indivíduo único, singular, dotado de capacidade auto-restauradora, bem como, os benefícios representados pela espiritualidade, ainda carece de evidências sólidas e substanciais.
Recentemente, vemos o termo espiritualidade ampliado para incluir conceitos psicológicos positivos, como significado e propósito, conexão, paz de espírito, bem-estar pessoal e felicidade. Porém, ao considerarem a complexidade e o tempo médico que seria requerido para poder tratar em profundidade os pacientes, vários autores mostram-se reticentes em, diretamente, prescrever um envolvimento médico amplo que considere a abordagem de temas espirituais durante as consultas.

REFERÊNCIAS  

KOENIG.Harold G. Medicina, religião e saúde: o encontro da ciência com a espiritualidade. Disponível em http://imagens.travessa.com.br/capitulo/L_PM_EDITORES/MEDICINA_RELIGIAO_E_SAUDE_O_ENCONTRO_DA_CIENCIA_E_DA_ESPIRITUALIDADE-9788525427199.pdf ), acessado em 02 de dezembro de 2016.


TILLMANN. Ieda A.; HORTA, Cristina L. OLIVEIRA. Flávio M. de. A religiosidade e suas interfaces com a medicina, a psicologia e a educação: o estado da arte. p.53 - 67  in Espiritualidad e qualidade de vida. Disponível em http://biblioteca.unilasalle.edu.br/docs_online/livros/espiritualidade_e_qualidade_de_vida.pdf#page=54, acessado em 02 de dezembro de 2016.