quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Nove teses sobre a infância como um fenômeno social: Pro-Posições

Resumindo as ideias principais do texto "Nove teses sobre a infância como um fenômeno social: pro-posições", escrito por Jens Qvortrup:

Até recentemente, a exclusão das crianças do mundo maior, ou melhor, adulto, era a abordagem comum à maioria dos cientistas. O esforço de exclusão ajudava a proteger as crianças dos perigos do mundo moderno; de um negativo, era um projeto  ilusório e duvidoso; ilusório porque as crianças fazem parte desse mundo amplo em muitos aspectos, duvidoso no sentido de esconder as crianças num tipo de “limbo analítico”, o que impediu pesquisadores e outros de atentarem às macroforças, que são da mais alta importância, potencialmente, para as condições de vida das crianças. Todas os eventos, grandes e pequenos, terão repercussões sobre as crianças, como parte da sociedade, e contrapartida elas terão reivindicações a serem consideradas nas análises de nos debates acerca de qualquer questão social maior.
O desenvolvimento econômico, político e social durante o século XX, mudou a estrutura populacional: a composição da família; a economia da infância na interface com família e sociedade; a justiça distributiva em termos de equidade geral; e mesmo, os direitos das crianças, os quais finalmente foram vistos no seu processo de cidadania; A infância não é mais questão interna da família, nem classes tradicionais e estratificadas, tendencialmente seculares. São necessários macroparâmetros;
Tese 1. A infância é uma forma particular e distinta em qualquer estrutura social e sociedade -  A infância da sociedade moderna  está ligada à institucionalização, há um lugar para as crianças por serem de menor idade, em função de determinações sociais. Este lugares onde a infâncias tem sido colocadas, dentro da arquitetura social dos adultos, possibilitam o acompanhamento do desenvolvimento histórico da infância, comparações culturais e sociais.
Tese 2. A infância não é uma fase de transição, mas uma categoria social permanente, do ponto de vista sociológico – A criança se desenvolve por certo número de fases, até que atinja a maturidade. No entanto, a concepção de socialização no sentido de desenvolvimento, é pouco fecunda no argumento sociológica;
Tese 3. A ideia de criança, em si mesma, é problemática, enquanto a infância é uma categoria variável histórica e intercultural – advoga que a criança é a-histórica, separada da sociedade em que vive. São as mudanças de concepção que são objeto de interesse sociológico, porque presumivelmente refletem mudanças de atitude em relação às crianças;
Tese 4. Infância é uma da parte integrante da sociedade e da sua divisão de trabalho – crianças influenciam e são influenciadas pelos pais, professores, pelo mundo social e econômico. A infância interage  estruturalmente com outros setores da sociedade. Na escola, estas crianças desempenham  trabalhos escolares, o qual está ligado mercado de trabalho. Além disso, as crianças, baseadas em seu consumo, reivindicam recursos sociais.
Tese 5. As crianças são coconstrutoras da infância e da sociedade -  as crianças não são inúteis e meramente receptoras. Todas as vezes que elas as crianças interagem e se comunicam com a natureza, com a sociedade e com outras pessoas, tanto adultos quanto pares, elas estão contribuindo para a formação, quer da infância, quer da sociedade. As crianças são criadoras, inventivas, porque se envolvem nem ações propositivas.
Tese 6. A infância é, em princípio, exposta (econômica e institucionalmente) às mesmas forças sociais que os adultos, embora de modo particular – ninguém, inclusive as crianças, pode evitar a influência de eventos mais amplos, que ocorrem além  do microcosmo próximo. As forças econômicas, os eventos ligados ao meio ambiente, o planejamento físico, as decisões políticas, etc. Embora haja poucas dúvidas de que os eventos sociais causem efeitos constantes, as crianças não são consideradas. Em termos mais gerais, a retração e a expansão do mercado de trabalho têm trambém um tremendo impacto sobre a vida das crianças. Por exemplo, quando cresce a oferta de emprego, cresce a institucionalização das crianças, uma necessária “readequação dso fatos”;
Tese 7. A dependência convencionada das crianças tem consequências para sua invisibilidade em descrições históricas e sociais, assim como para a sua autorização às provisões de bem-estar – As crianças não são consideradas como unidades de observação nas estatísticas, pois o Estado demanda de dados absolutamente necessários para seu planejamento e esforços de elaboração política, portanto, se as crianças são de responsabilidade dos pais, não há necessidade de contar as crianças por elas mesmas.
Tese 8: Não os pais, mas a ideologia da família constitui uma barreira contra os interesses e o bem-estar das crianças – herdamos uma ideologia de família que pode ser considerada um anacronismo: as crianças são propriedades dos pais, sendo que a sociedade só se interessa em interferir em casos excepcionais.
Tese 9. A infância é uma categoria minoritária clássica, objeto de tendências tanto marginalizadoras quanto paternalizadoras – não há como categorizar a infância ou determinar sua natureza sociológica como fenômeno social. O paternalismo é uma atitude característica, no sentido de uma estranha combinação de amor, sentimentalismo, senso de superioridade em relação à compreensão equivocada das capacidades infantis e à marginalização.

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