terça-feira, 18 de abril de 2017

E agora, Projeto de Aprendizagem, Projeto de Pesquisa ou Projeto de Ação?


Por si só, a palavra "Projeto", já dá a ideia de que há a necessidade de se solucionar um problema "X", e para tanto, são necessários traçar objetivos, os quais nortearão as etapas que virão futuramente. 
Pensar um Projeto de Aprendizagem é reportar-se ao construtivismo piagetiano, já que em essência, seu propósito é a promoção de aprendizagens profundas através indagações constantes que buscam o envolvimento das pessoas em questões e conflitos produtivos e portanto, relevantes às suas vivências.

Pensado como metodologia de trabalho em sala de aula, o Projeto de Aprendizagem, segundo Almeida (2000),

"(...) é uma forma de conceber educação que envolve o aluno, o professor, os recursos disponíveis, inclusive as novas tecnologias, e todas as interações que se estabelecem nesse ambiente, denominado ambiente de aprendizagem. Este ambiente é criado para promover a interação entre todos os seus elementos, propiciar o desenvolvimento da autonomia do aluno e a construção de conhecimentos de distintas áreas do saber, por meio da busca de informações significativas para a compreensão, representação e resolução de uma situação-problema. Fundamenta-se nas ideias piagetianas sobre desenvolvimento e aprendizagem, inter-relacionadas com outros pensadores, dentre os quais destacamos Dewey, Freire e Vygotsky."

 Entre as características do trabalho desenvolvido com Projeto de Aprendizagem, podemos destacar a tomada consensual e heterárquica de decisões quanto a escolha do tema, regras, direções e atividades, baseadas no contexto do aluno, contrariando as demais formas de trabalhos com projetos que consideram situações vivenciadas e pontuais.
Além disso, o próprio espaço escolar passa a ser visto em sua essência, ou seja, como local de compartilhamento de experiências, primados nas relações interpessoais, longe dos paradigmas uniformizantes, lineares, cadentes e excludentes defendidos pela pedagogia tradicional. Desta forma, o trabalho com Projetos de Aprendizagem leva em consideração o universo infantil ou a adolescência, longe da abdicação do rigor intelectual ou do valor próprio conhecimento em si. Pelo contrário. Assegura-se de que estes conhecimentos sejam apropriados de forma significativa e portanto, interessante aos olhos de todos os envolvidos no processo, o que Cooper denomina como “aprendizagem ativa”.

Contrariando as tomadas de decisões de forma heterárquica dos Projetos de Aprendizagem, os Projetos de Ensino, os professores, juntamente com a coordenação pedagógica escolhem o tema a ser abordado, arbritam sobre os critérios externos e formais, de acordo com  a organização hierárquica dos conteúdos curriculares. Apesar de denominado como metodologia globalizadora, o Projeto de Ensino ainda mantém o Professor em seu papel de agente transmissor de conhecimentos aos alunos, meros receptores de informação. 
A exemplo dos Projetos de Ensino, os Projetos de Ação compõem-se de um tema norteador, estabelecimento de objetivos, justificativas que respaldem as ações e metodologias a serem realizadas, bem como recursos necessários e resultados almejados, os quais são organizados sob a forma de um cronograma de ações. Todavia, ambos diferem-se com relação ao tempo de duração, pois se o primeiro, pode ser estabelecido à longo prazo, o Plano de Ação está mais interessado nos resultados propriamente ditos, evidenciados em retomadas constantes aos objetivos a que se dedica.


Referências

ALMEIDA.Maria Elizabeth Bianconcini de. Projeto: uma nova cultura de aprendizagem. Disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0030.html, acessado em 06 de abril de 2017.
COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de 3 a 8 anos. Educar, Curitiba, v. Especial, p.171-190, 2006. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/educar/article/viewFile/5541/4055, acessado em 06 de abril de 2017.


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