quarta-feira, 6 de setembro de 2017

A história do Movimento das Pessoas com Deficiência

       No final da década de 70, houve o início do Movimento das Pessoas com Deficiência. Até 1979, estas pessoas eram consideradas invisíveis. A elas, relegaavam-se atendimentos institucionalizados ou ainda, apenas no âmbito familiar, tudo muito reservado. Eram merecedores de caridade, não de cidadania.
       Izabel Maior, Secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, afirma que: "Às vezes, a história das pessoas com deficiência é considerada recente, outras, é considerada como bem anterior, inclusive remontando ao período imperial. Mas, muitas vezes, começam a se dizer que as pessoas com deficiência não tem história e a ideia é justamente o contrário."

         Século XIX - A educação de surdos e cegos no Brasil Imperial 
         1854 - Instituto Benjamin Constant
      Professor Adilson Ventura (Presidente da ACIC e ex-Presidente do CONADE - "Com a criação do Imperial Instituto dos Meninos Cegos do Brasil (hoje, Benjamin Constant) realmente foi dado início ao processo de inclusão de pessoas com deficiência visual na sociedade. Com a vinda de José Alvares de Azevedo da França, um brasileiro que estudou em Paris na Escola de Valentin Haüy. Ele trouxe o Braille para o Brasil. Quando este sistema de escrita foi apresentado ao Imperador Dom Pedro II,  este entusiasmou-se e criou o instituto, dando início a todo o processo histórico, ao protagonismo dos cegos em suas histórias, na realidade, na educação de pessoas cegas no Brasil.
      Ethel Rosenfeld (Professora e Consultora em Deficiência Visual) - O Instituto Benjamin Constant foi o primeiro especializado em educação para pessoas cegas no Brasil. Inclusive, foi o primeiro movimento desta natureza na América do Sul.
         Manuel Aguiar (Coordenador do Programa de Acessibilidade e Inclusão da CHESF - "Eu vejo como um marco de reconhecimento da minoria, para que tenham oportunidade de estudo"

        1856 - A educação de surdos e cegos no Brasil Imperador - Instituto Nacional da Educação dos Surdos
        Karin Strobel (Diretora e Presidente FENESIS, Tutora de LIBRAS da UFSC - No período em que o INES (Instituto Nacional de Educação dos Surdos), foi criado, não tinha no Brasil, nada relacionado a Educação dos Surdos e a sociedade pensava, via, o surdo como doente, deficiente, incapaz de aprender e se desenvolver.
       Solange Rocha (Historiadora do INES) - "O instituto tem, na verdade, um nexo com a política que era praticada no século XVIII e XIX dos institutos dos grandes Institutos de surdos da Europa, tanto que o fundador do Instituto é um ex-aluno do Instituto Nacional de Paris.
    Esse advento das instituições foi realmente um processo de desenvolvimento social, para a sociedade da epoca. Todavia, revestia-se de uma caráter assistencialista.

      Século XX - As instituições de educação de pessoas com deficiência intelectual
      1932 - Pestalozzi e 1954 - APAE´s
      Lizair Guarino (Presidente da Associação Pestalozzi de Niterói) "Eu não sabia quem era Dona Helena. Sabia que no regimento e no estatuto que ela havia sido uma das fundadoras do Instituto da Fundação Pestalozzi em Niterói e ela já era conhecida no Brasil todo. Dona Helena tinha mania de chegar nos lugares, principalmente quando chegava em Ibirité, ela botava a gente para trabalhar, não tinha para ninguém ficar parado não. Ela fazia discussão sobre o trabalho do deficiente, fazia estudo sobre a estimulação precoce, fazia discussão sobre tudo. Então, na Fazendo do Rosário, era o lugar onde ela se reunia com todo o grupo de pessoas que queriam saber alguma coisa nessa área. Esse curso que ela fazia lá na Fazenda do Rosário, que ela chamava todo o Brasil, daí surgiram as Pestalozzis."
      A primeira APAE surgiu em 1954, no então, Estado da Guanabara. Baseou-se num modelo já existente nos EUA e com apoio inclusive de pais e amigos das associações dos Estados Unidos. O Estado não assumia essa responsabilidade em relação às pessoas com deficiência intelectual.

       1950 - O surto de Pólio e o surgimento das instituições de reabilitação
     Em função do surto da poliomielite no Brasil, surgem na década de 1950 os centros de reabilitação, baseados na crença fisiológica de que o médico tinha a "obrigação" de fazer com que o paciente voltasse a reintegrar-se novamente à sociedade, sendo capaz de trabalhar, produzir.
       Eram os profissionais da área médica e pára-médica que tinham o poder no poder de decidir sobre o que era melhor para as pessoas com deficiência. Todo o programa era estabelecido por estes profissionais. A intenção era escamotear a deficiência: as pessoas tinham praticamente a obrigação de ficar em pé, adequirir o máximo de funcionalidade. Até os portões 7das clínicas de reabilitação, ela era cuidada, dali para fora, ela ficava por conta dela mesma.

        1970 - Organizações "DE" e "Para" pessoas com deficiência 
        A partir de 1979, começou a aparecer os movimentos de deficiente.
 
        1970 - O movimento das pessoas com deficiência no contexto da abertura política 
      Entre o final da década de 70 e início da década de 80, alguns segmentos da sociedade começaram a se organizar, como as mulheres, negros, homossexuais e aí, as pessoas com deficiência também. Todo esse movimento, em termos nacionais coincidiram com as mudanças políticas da época. O país estava se redemocratizando, tentando sair de um período de ditadura. Então, a nossa voz que tornou-se muito representativa, começou a interagir com outros movimentos que foram surgindo. Isso possibilitou aos deficientes serem vistos como cidadãos, deixando a situação de isolamento e lutando contra barreiras de atitudes, barreiras físicas, barreiras que no fundo, sempre existiram e sempre violaram os preceitos da Constituição Brasileira.
       
      1979 - A coalização pró-federação nacional de entidades de pessoas deficientes
    A coalização foi criada com o objetivo de ser um movimento representativo das pessoas com deficiência em nível nacional. Até então, se tinha associações isoladas no Brasil, as áreas não se comunicavam. O objetivo era criar uma estrutura sistêmica mesmo.

      1980 - I Encontro Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes em Brasília
    A reunião em Brasília foi uma coisa épica para as condições da epoca. Contou com o apoio do Exército Brasileiro, quarteis, corpos de bombeiro, escolas públicas e privadas que acolhiam, e algumas residências também. Cegos pediam braile, cadeirantes pediam rampas, surdos reinvidicavam a língua dos sinais. Eram questões políticas, filosóficas e práticas a serem resolvidas. Deu-se visibilidade às pessoas com deficiência. Os nomes e pessoas que até então, só se ouvia falar, ganharam rostos, voz e unidade.

     1981 - O ano internacional das pessoas deficientes
    Decretado pela ONU, 1981 deu um impulso estupendo à área da deficiência, mesmo nos países desenvolvidos. Os deficientes passaram a ser vistos como atores sociais.
     Após o Encontro de Brasília, nomeou-se um representante dos deficientes José Gomes Blanco, do Rio de Janeiro.

     1981 - I Congresso Brasileiro de Pessoas Deficientes e II Encontro Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes (Recife)
     1983 - III Encontro Nacional de Entidades de Pessoas Deficientes (São Bernardo do Campo) 
     Não houve sucesso porque havia a questão de que a minha área é mais importante que a tua, a minha deficiência tem mais incidência que a sua. Essas disputas internas levaram a uma ruptura do movimento, a disputa pelo poder denegria a imagem do movimento, depreciava a conquista do direito destas pessoas.
    O movimento das pessoas com autismo aqui no Brasil começou na década de 1980, com a formação de associações. A primeira associação começou em 1983 - a AMA (Associação de Amigos dos Autistas de São Paulo). As associações começaram porque não tinha nada, nem sabia o que era autismo.

       1987 - 1988 - Assembleia Nacional Constituinte
       Os políticos estavam redigindo a Constituinte abriram brechas para que a população enviasse sugestões através de audiências públicas e comissões distintas. Na epoca em que começou a existir fóruns relacionados a pessoas com deficiência, os surdos foram deixados de fora por não existirem intérpretes. Todas as outras deficiências tinham voz, manifestavam-se, reinvidicavam, mas os surdos ficavam a parte da situação.
       As pessoas imaginam que as pessoas com deficiências são todas iguais, que vivem em guetos. Durante a constituinte, reinvidicou-se mudanças na área de saúde, educação, trabalho, lazer, esporte, etc.
      Na Constituição Brasileira não existe um capítulo para pessoas com deficiência. O conteúdo relativo às pessoas com deficiência está distribuído nos vários títulos e capítulos da nossa Constituição e isso foi a grande vitória: ser considerado na questão educacional, na questão do trabalho, na questão da saúde em todos os capítulos, os direitos foram garantidos.

     1986 - a criação da CORDE - Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
       Ela foi criada na Presidência da República porque ela tinha que ter um papel de coordenação interministerial e esse papel é muito difícil de ser executado quando se tem ministros que não estão nem aí para o problema. Então, naquele primeiro momento, o CORDE tinha a função de alinhavar estas articulações.

      1990 - As câmaras técnicas da CORDE 
      Foi o mecanismo encontrado para fazer as consultas às bases. O objetivo era encontrar aspirações, reinvidicações dos segmentos através dos seus representantes legítimos. A CORDE apenas coordenava a metodologia, enxugava as coincidências do que era colocado, produzindo documentos que resumiam estas aspirações coletivas. Ao final, estes documentos eram encaminhados para os setores adequados para a execução destas propostas dentro das políticas setoriais. Unia-se todos os movimentos, todas as representações nacionais e a partir do conhecimento técnico.

     1999 - Criação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE
      O CONADE foi criado para servir como representatividade legítima da sociedade civil e na participação desta nas discussões  e nas propostas da CORDE para a política . Ele era um conselho consultivo da CORDE porque eu não poderia juridicamente criar um conselho deliberativo dentro da Presidência da República. Ao final, o CONADE tomou o posto de organização que realmente luta pelos direitos das pessoas com deficiência como um todo, mas sem que cada uma esqueça as suas especificidades, os seus problemas, as suas particularidades. O CONADE discute toda a política nacional da pessoa com deficiência.
      Teoricamente, os conselhos são bons, porque na prática, isso nem sempre acontece, basicamente por dois motivos: governos que não assumem este segmento como prioridade ou ainda, por falha do próprio movimento local que também não se mostra mais contundente.

       2006 e 2008 -  As conferências nacionais dos direitos da pessoa com deficiência
       A primeira conferência, ocorrida em maio de 2006, foi altamente representativa, um marco na história do movimento porque vieram pessoas eleitas nos seus municípios, nos estados, juntando milhares de pessoas das diferentes áreas da deficiência para juntas discutirem, com diversidade política, oposição e situação, partidos diferentes, partidos opostos nisso se juntam e entendem que o tema supera diferenças eleitorais, partidárias. É um tema de nação, sobretudo, é um tema de direitos humanos.

       Conquistas e desafios do século XXI: Equiparação e Oportunidades
       "Queremos nossos direitos e não privilégios"
     Acessibilidade, transporte, acesso ao lazer, turismo, saúde, etc. A história das pessoas com deficiência realmente é uma história de falta de oportunidades, um fator limitante até maior que a própria deficiência.
     
       Conquistas e desafios do século XXI: mercado de trabalho
     Quando se fala nesta parte de leis de cotas, está se preparando as empresas para receberem as pessoas com deficiências.
   A integração é um modelo segundo o qual as pessoas com deficiência, uma vez, habilitadas/reabilitadas alcançam um padrão de se encaixar na sociedade como ela sempre existiu. O modelo de inclusão é mais ou menos o inverso, ou seja, não é para encaixar a pessoa na sociedade, é justamente o contrário: derrubar as barreiras, tirar os obstáculos, mudar atitudes, mudar sistemas para que qualquer pessoa, deficiente ou não, possa fazer parte da sociedade, sem precisa provar nada.
       As barreiras que existem não são só arquitetônicas. Existem as barreiras atitudinais, preconceitos, discriminações.
     A Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS - foi reconhecida como língua oficial em 2002. O usuário da língua dos sinais é o surdo. O intérprete vai apenas mediar a informação entre as duas línguas.
     A imprensa em Braille tornou possível que os cegos estudassem.
   Ainda que precise do apoio de terceiros, uma pessoa com deficiência também tem capacidade de realizar escolhas.
     O Brasil teve a experiência de reconhecer junto com outros países do mundo uma das coisas mais importantes deste novo século que é a Convenção sobre o direito das pessoas com deficiência, aprovada em dezembro de 2006, na ONU. 192 países participaram.
     No dia 9 de julho de 2008, através do decreto legislativo 186, o Senado Federal promulgou a Convenção  sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência com um nível de emenda constitucional.
     
      Perspectivas
      Em comparação às décadas passadas, houveram algumas mudanças na forma como a sociedade enxerga as pessoas com deficiência. Todavia, ainda existe preconceito, discriminação, invisibilidade. O movimento ainda não é reconhecido como tal, faz parte do "etc", mas houve uma evolução cultural.
       O ideal é que não existisse movimento de pessoas com deficiência e sim, um movimento único em favor de todas as pessoas. Conservar a memória dos movimentos é fundamental para fortalecer os passos a serem dados no futuro.


     
   
   
 
   

      
       

   
     
   


       
        
       
 
   

     
      


 
       

       
       
         
         

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Retomando os Estádios de Desenvolvimento

Comparando minha organização àquela realizada pela autora, percebo que a utilização de termos mais específicos, além de possibilitar a economia vocabular, faz-se mais compreensível e analiticamente mais abrangente.
É compreensível que a organização realizada por ela apresente-se mais completa, dada minhas limitações quanto ao conhecimento dos referidos Estádios de Desenvolvimento.
Em se tratando Estádio Sensório-Motor ou Estádio da Inteligência Simbólica, compreendida entre o nascimento e o segundo ano de idade, apesar da autora falar em “anomia”, percebo que minhas reflexões poderiam ser complementares as dela, já que faço menções à capacidades perceptivas e sensoriais que, ao meu ver, não são explicitamente lembradas em sua organização.
Já no Estádio Sensório-Motor ou Estádio da Inteligência Simbólica (entre os dois e sete anos de idade), acordamos com a afirmação de que a criança esboça suas primeiras tentativas de compreensão da realidade à sua volta. No entanto, não admite a reversibilidade dos fatos, buscando no mundo das fábulas e no animismo suas explicações.
No Estádio das Operações Concretas (dos sete aos onze anos de idade), o pensamento infantil  torna-se capaz de realizar operações a nível mental em detrimento do egocentrismo intelectual. Novamente, acordamos sob este aspecto, inclusive no que tange às noções de autonomia moral e às possibilidades de internalizar jogos com regras, que envolvam competições, formações de equipes, estratégias, movimentação corporal, etc.

Finalizando as análises, no Estádio das Operações Formais, que se inicia aos onze anos e se estende até a fase adulta, percebemos que o pensamento probabilístico e a elaboração de esquemas conceituais abstratos vão aprimorando-se, tornando o raciocínio sistemático, tanto em extensão, quanto em profundidade.


terça-feira, 11 de julho de 2017

Sobre a construção de uma síntese reflexiva...

       Mais uma vez, a sensação de missão cumprida e a ideia de que muitos passos já foram dados. Estamos chegando ao final de mais um semestre de aprendizagens e experiências, umas mais significativas, outras nem tanto assim...
       Desta vez, foi nos dado o script que deveríamos seguir para formulação de nosso texto final, a partir da utilização de palavras chaves. Particularmente, julguei uma experiência interessante, pois mudar o foco das interdisciplinas nos dá a ideia de que o conhecimento que produzimos ocorreu de forma globalizada. 
      Outro detalhe interessante foi o enfoque dado à Escola, seja como instituição, seja em seu aspecto organizacional ou administrativo.  
       Perceber que a gestão democrática, além de perfazer as escrituras legais, acontece na prática em meu cotidiano escolar foi outro aspecto enriquecedor e que validou a experiência. 
       A gestão democrática do Ensino, antes de conveniência política deve perfazer a lógica do ensino-aprendizagem e neste sentido, vejo que a educação leopoldense, já deu muitos passos positivos.




terça-feira, 4 de julho de 2017

Minhas percepções sobre o processo avaliativo no cotidiano pedagógico

É próprio do ser humano estar em constante processo avaliativo, o qual encontra-se dependente do motivo ao qual se destina. Os pilares que sustentam o sucesso do processo avaliativo em termos escolares encontram-se sobre a tríade: constatação, reflexão e ação.

A avaliação produz efeitos positivos ao contribuir com diagnósticos e indicativos, mas apenas pesquisa as qualidades dos resultados conseguidos no processo, sob os quais devem embasar-se os discernimentos por parte da gestão.  Avaliar é um ato de produzir conhecimentos, desvendar qual é a qualidade da realidade na qual ocorre o processo de ensino-aprendizagem. 
Quando ocorre,  o fracasso escolar também se estende à instituição que proveu este ensino e é preciso encarar esta questão de forma sistêmica. Em se tratando da sala de aula, as avaliações ocorrem em pequena escala, mas que subentende-se maior que apenas acompanhar individualmente o desenvolvimento do aluno, pois deixam transparecer os efeitos que as didáticas de ensino que utilizei, estão produzindo na turma como um todo, evidenciam o sucesso ou o fracasso do meu trabalho pedagógico. A avaliação não deve ser apenas da aprendizagem do estudante, mas também do sistema e dentro deste último,  a sala de aula. Quando o processo avaliativo aponta as causas que estão influenciando negativamente, tornam-se passíveis as modificações, intervenções em seus efeitos.
A avaliação precisa ser praticada com o rigor da metodologia científica, secundarizando-se as expressões de subjetividades e de juízos emocionais. É importante que seja organizada objetivamente de acordo com aquilo que foi ensinado e considerado essencial para a aprendizagem do aluno, sendo que este mote norteador, também deve ser considerado na hora da correção das atividades propostas. Outro aspecto importante diz respeito às linguagens utilizadas pois estas devem facilitar o entendimento quanto aos objetivos a que se detêm determinadas questões, acordadas com o mesmo nível de complexidade com que os conteúdos foram trabalhados.
Quando elaboro uma avaliação, é preciso que eu tenha claro qual o padrão de qualidade que espero. Sequenciando a coleta de dados possibilitada pela avaliação, eu os comparo com as minhas expectativas iniciais. Caso ocorram frustrações, sinalizam a necessidade de outras formas de intervenção pedagógica.
Ao contrário dos exames e provas escolares que excluem e reprovam, a avaliação precisa ser vista como inclusiva: “bom, se esta forma que trabalhei não propiciou o nível de aprendizagem coletiva que era esperado, que outras didáticas de ensino posso lançar mão para que isso ocorra a pleno?” Em outras palavras, a avaliação deve ser um convite à produção de resultados positivos para todos os envolvidos, pois de acordo com o que diz o Professor Júlio Furtado, “é preciso entender como se aprende para aprender como se ensina”.



REFERÊNCIAS

FURTADO. Júlio. O desafio de promover a aprendizagem significativa. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=O3mOntUESuw, acessado em 26 de junho de 2017.

LIMA. Iana Gomes de; GOLBSPAN. Ricardo Boklis. O Sistema educacional de avaliação participativa do Rio Grande do Sul: contribuições para o desenvolvimento de uma gestão escolar democrática. Disponível em https://moodle.ufrgs.br/pluginfile.php/2027854/mod_resource/content/1/O%20Sistema%20Estadual%20de%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20Participativa%20na%20educa%C3%A7%C3%A3o.pdf, acessado em 26 de junho de 2017.

LUCKESI. Cipriano. Avaliação da aprendizagem. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=JqSRs9Hqgtc, acessado em 26 de junho de 2017.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Apresentação do Projeto Leitura e Ação

             Na última semana, em nosso encontro presencial no PEAD, fizemos nossa apresentação, com PPT de nosso projeto de aprendizagem, para a interdisciplina de Projeto Pedagógico em Ação.
         
   Assim, reunimos um pouco de nossas experiências, considerando que somos quatro alunas neste grupo, com diferentes realidades, inclusive no que se refere às faixas etárias de nossos estudantes, completamente distintas.
   O projeto, na verdade, começou com nossas próprias dúvidas a respeito de como iríamos operacionalizá-lo de forma que contemplasse comum a todas e ainda, como traríamos isso a nossos alunos, etc. Foi necessário que fossem estabelecidas perguntas que nos guiaram na mobilização e execução de nosso projeto de forma bastante integrada e cooperativa.
    Foi bastante gratificante pois também aprendemos muito com essa troca.
   Algo que julgamos importante foi a metodologia de apresentação trazida pela Professora, estabelecendo que apenas uma integrante fosse interlocutora do grupo. Ao nosso ver, isso potencializou a ideia de coletividade que foi balizadora de nossas atividades, além de agregar positivamente na questão da otimização do tempo. A utilização do arquivo em PPT também facilitou a recordação de nossas ideias constituídas até então, funcionando como excelente recurso imagético. 
      Algumas vezes, tivemos dúvidas se o que estávamos construindo era um Projeto de Aprendizagem ou um Projeto de Aprendizagem, já que características de ambos, iam mesclando-se à construção de nossas atividades. 
         Contudo, ao final, dada às construções que fizemos, priorizando o protagonismo de nossos alunos ao realizarem as atividades, fomos nos dando por conta que estávamos no caminho certo e por isso, julgamos tão positivos os resultados de nossa apresentação.






segunda-feira, 26 de junho de 2017

Orientações sobre a Síntese Reflexiva V

    Momento 2 - Especificações sobre o Workshop

      Todas as abordagens partem de um quadro de conceitos, que devem ser abordados na realização da redação. Estes conceitos devem aparecem incrustrados no transcorrer das abordagens.
       Pode se pensar uma situação complexa para cada abordagem ou uma única que abarcará as três. As cenas escolares, as histórinhas, deverão ser sustentados por estes conceitos do quadro. 
       Para apoiar a análise, registrar evidências, a partir de referenciamento teórico. Estas evidências podem ser buscadas no desenvolvimento das atividades que forem sendo propostas pelas atividades. 
     O contexto da Escola precisa ser priorizado, utilizando os conceitos que são trazidos pelas abordagens. Essa complexidade conceitual é o propósito que busca a elaboração de um síntese mais densa.
        A ideia é que o texto seja no máximo de 3 páginas para cada abordagem.
        Todos os conceitos devem aparecer, podendo haverem repetições. 
        A organização do texto precisa levar em consideração as abordagens, inclusive entitulando-as de igual forma, independente da organização sequencial das mesmas.
       Ao produzir o texto, uma opção é deixar os conceitos escritos de forma negritada ou escritos de forma itálica. 
        A autoria é um aspecto relevante, mas precisa ser pensada de forma referenciada.
       As interdisciplinas serão apenas pontos de fundo, não são prioridades para apresentações. A ideia agora é priorizar as abordagens sugeridas.São 10 minutos de apresentação, que devem ser aproveitados

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Momento 3 - Fechamento das Análises dos Portfólios

    
      
     

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Entrevista realizada com a Presidente do Conselho Escolar da EMEF Professora Maria Gusmão Britto, localizada em São Leopoldo/RS

A presente entrevista ocorreu no dia 19 de junho do presente ano, na casa de minha amiga Beatriz Hartmann, professora de Educação Física e agora, Presidente do Conselho Escolar de nossa Escola, escolhida nas eleições que realizaram-se ainda nos primeiros dias deste mês. Embora se trate de uma posição relativamente nova para Bea, ela já fez parte do Conselho Escolar em outros momentos, ocupando funções como Secretaria ou Tesoureira.
Na sequência, passo a descrever algumas das questões que nortearam nossa conversa:

Ivonete: Um Conselho Escolar é organicamente instituído, pautando-se na ideia da participação integral de seus membros, cuja divisão de poder é igualitária. Entre as funções a que se destina esta entidade colegiada, qual você destacaria em função do grau de complexidade que abarca? Que razões justificam a sua escolha?

Beatriz: O Conselho Escolar possui basicamente cinco funções. A função deliberativa, como o próprio nome já dá a entender, são os momentos em que nos reunimos para conversarmos e tomarmos decisões sobre assuntos que digam respeito à organização de nossa Escola. Quando chegamos a um denominador comum, estamos cumprindo com a função consultiva do Conselho. Ela é solicitada pela direção da Escola ou em alguns momentos, por alguns pais que querem saber nossa opinião sobre determinados assuntos. Já a questão da mobilização diz respeito a forma como nos comunicamos com os nossos pares, informamo-lhes as decisões ou ainda, solicitamos que participem de alguma atividade que julgamos pertinente. A questão fiscalizadora se refere ao nosso acompanhamento a gestão financeira, pedagógica e administrativa que acontece cotidianamente na Escola e por último, a função avaliativa, é quando nos propomos a pensar resultados obtidos em avaliações externas ou internas que são realizadas pela Escola. Ano retrasado,  tivemos um bom resultado na pesquisa do IDEB, mas ano passado, não fomos tão bem assim. Comentamos com a Direção este fato. No momento, estamos aguardando 0 resultado da OBMEP. Esperamos que, a exemplo do ano passado, nossa Escola passe para as próximas fases classificatórias!
Agora, entre todas estas funções, eu destacaria a questão mobilizadora como nosso calcanhar de Aquiles. Vejo isso acontecer entre nós mesmos, professores! Alguns não conseguem separar profissionalismo de vida pessoal e isso acaba gerando atritos. As questões em torno das greves do ano passado, ilustram bem tudo isso”.

Ivonete: Paulo Freire nos diz que, “o momento do diálogo é o momento em que os homens se encontram para transformar a realidade e progredir.” Entre as premissas estabelecidas pelo Conselho até então, é possível distinguir alguma que venha a ser o “carro-chefe” das ações pretendidas ao longo destes dois anos de mandato?

Beatriz: “Olhando o histórico de nossa Escola, percebemos que em 2008, foi realizada um primeira eleição de alunos que formaram o então GEAG, Grêmio Estudantil dos Alunos da Gusmão. Posteriormente, realizaram-se novas eleições em 2009 e desde então, não foram mais escolhidos membros para composição da agremiação.
Conversamos com a Direção, que nos apontou que entre as dificuldades, estava a falta de uma sede para tanto. Vemos em nossos alunos, principalmente na epoca que ocorrem os Fóruns de nossa Escola, muitos que se destacam pela liderança, pela iniciativa. Por este motivo, estamos em conversação para averiguarmos se a reativação do GEAG não seria uma alternativa interessante para fazer com que o aluno se sinta mais integrado à vida de nossa Escola, indo além do tempo que costuma dedicar às aulas. Penso que esta seja a maior proposta de nossa diretoria.

 Ivonete: Ainda há um mito muito grande de que quem entende de Escola é o diretor e os professores, que são eles que sabem o que tem de ser feito, cabendo aos demais, apenas apoiá-los em suas decisões. Agora, ocupando este lugar de Presidente, escolhida pelo voto direto, que reflexões esta afirmação lhe provoca? Você enxerga esta postura por parte das pessoas que compõem a nossa comunidade escolar?

Beatriz: A maioria dos pais de nossos alunos ainda é fruto desta geração e infelizmente, isso fica claro nos momentos em que a Direção os convida para virem a compor chapas para concorrerem aos cargos do Conselho Escolar. Para exemplificar, basta lembrar que os representantes dos segmentos de pais e/ou responsáveis, acabam sendo nossos colegas que tem seus filhos matriculados aqui na Escola.
 Vivemos uma epoca diferente. Hoje o sustento familiar não é mais proveniente do trabalho de uma única pessoa, até mesmo o conceito de “família” não e mais o mesmo!
Sendo assim, não há como exigirmos que os representantes de nossos alunos disponibilizem tempo exclusivo para acompanhamento das atividades escolares e por conseguinte, que possuam condições para participação ativa das ações demandadas pelo Conselho Escolar. Então, acaba que esta visão mitológica acaba por consolidar-se entre as pessoas, muto por força do hábito do que necessariamente, por desconhecimento.

 Ivonete: Uma das queixas recorrentes de nossa Escola é que os responsáveis são chamados apenas para ouvirem sobre as dificuldades ou relatos de indisciplina por parte de seus filhos ou das turmas em que eles estão inseridos. Você considera que são possíveis ações por parte do Conselho Escolar que possam contribuir para amenizar ou ainda, modificar esta realidade?

Beatriz: Retornando a minha fala anterior, percebemos que a Escola acaba chamando para si, várias responsabilidades, porque é desta forma que a contemporaneidade se desenha. Analisando a questão enquanto professora, vejo que o “chamar os pais” é o último recurso que possuímos enquanto instituição para resolvermos situações desarmônicas em nosso cotidiano pedagógico.
Entretanto, há situações que isso ocorre sob outras circunstâncias, como por exemplo, nas apresentações da Banda Marcial ao final do ano letivo, nas comemorações do Dia da Família ou em sábados voltados para atividades de integração, nas atividades que são desenvolvidas pelos Fóruns Anuais. Penso que, compete-nos como representantes do Conselho Escolar, auxiliar na divulgação e convidar aos demais membros de nossos segmentos a prestigiarem estes momentos, ajudar na disseminação da ideia de que a Escola também pode ser um espaço de lazer e encontro, além daquele que normalmente lhe compete.

Ivonete:: Embora a situação socioeconômica de nossa Escola não dê margens para preocupações com relação à evasão escolar, é notório que os índices de repetência geram desconforto. Esta prerrogativa configura entre as possibilidades de intervenções pensadas por parte do Conselho Escolar?

Beatriz: Certamente. O aluno que faz parte de nossa diretoria, já na primeira reunião que realizamos, nos relatou que alguns colegas de sua turma tem tido dificuldades com as matérias de Matemática. Então, resolveram criar grupos de estudos que se revezam semanalmente. Todas as quartas-feiras, os alunos se encontram na casa de um deles, tudo combinado previamente pelo grupo de pais, via whats app. Essa ideia tem sido válida e penso que como Conselho Escolar, trata-se de uma alternativa que pode ser levada como sugestão para outras famílias de nossa Escola.
Em outro momento, pensamos em criar um grupo de alunos voluntários que se disponibilizem a vir em horário extra-classe para auxiliar os alunos dos anos iniciais que estejam com dificuldades de aprendizagem, como se fosse uma espécie de tutoria. Alguns pais aposentados, também poderiam auxiliar neste processo.
Com isso tudo, quero dizer que, alternativas de intervenções existem, mas todas precisam ser pensadas e planejadas de forma que sejam benéficas a todos aqueles que queiram envolver-se.

Ivonete: O Conselho Escolar, dentro das instituições de ensino, propõem-se como a  materialização do direito à participação e compromisso entre os que fazem parte da Escola e os que a Escola atende. Em sua opinião, é possível verificar a veracidade desta afirmação traduzindo-se na prática cotidiana de nossa Escola?

Beatriz: Percebo que a Direção da Escola demonstra-se sempre aberta ao diálogo quando a procuramos. Em se tratando de mobilização, ainda temos dificuldades porque, vez por outra, não é possível que todos os membros estejam presentes nas reuniões.
Além de dedicação, trata-se de algo que demanda tempo e aí, esbarramos numa outra questão que muito influencia na qualidade das ações que nos propomos.
Entretanto, importantes passos já foram dados na direção do reconhecimento da existência de nosso Conselho Escolar. 



Beatriz Hartmann,  presidente do Conselho Escolar de nossa Escola