Pensar a minha identidade como docente é rememorar diferentes fases, revisitar lembranças, por vezes felizes, outras nem tanto assim. Sempre gostei de fotografar, registrar situações envolvendo alunos e colegas de trabalho, justamente porque entendo que se tratam de registros que nos possibilitam revisitar a memória, reviver aquelas circunstâncias, reconhecer aqueles personagens que naquela dada situação, estavam conosco, naquele exato instante de nossa história.
Abaixo, para ilustrar o que afirmo, pode-se observar a foto de minha primeira turma de alunos: uma turma de terceira série, em uma escola rural de meu município, Coronel Vivida/PR. A esquerda, de amarelo, eu, nos idos dos 20 anos, vestindo, literalmente a camisa do Projeto de Educação que os vividenses conheciam como "Educar, plantando".
Abaixo, para ilustrar o que afirmo, pode-se observar a foto de minha primeira turma de alunos: uma turma de terceira série, em uma escola rural de meu município, Coronel Vivida/PR. A esquerda, de amarelo, eu, nos idos dos 20 anos, vestindo, literalmente a camisa do Projeto de Educação que os vividenses conheciam como "Educar, plantando".
Minha primeira turma
Local: Comunidade de Palmeirinha, Coronel
Vivida/ PR
Data: novembro/2000
Minha caminhada docente é dotada de vários "comprovantes físicos", como minhas aprovações nos concursos públicos para professora, meus diplomas e formaturas (seja no Magistério, depois, como Bacharel em Geografia e num segundo momento, como Licenciada em Geografia. Mais tarde, como Especialista em Gestão Escolar), minhas anotações nos diários de classe, cadernos de planejamentos de saídas a campo, etc.
Penso que justamente por ter iniciado a minha carreira trabalhando com projetos, jogos, atividades baseadas no construtivismo, minhas memórias são cheias de momentos de tentativas de aproximação dos alunos com a natureza, saídas a campo, experiências que extrapolam o espaço da sala de aula, promovendo a interação dos alunos com outros agentes sociais que estão à sua volta, como podemos observar na imagem abaixo.
Esta é minha turma de Terceira Série, no ano de 2003, quando nos envolvemos em um projeto sobre auto-estima. Na ocasião, encenamos a peça "Patinho Feio". Como foi o ano em que perdi meu pai, minha mãe se dedicou a fundo na confecção das roupas e máscaras que utilizamos na peça. Então, embora a fotografia esteja com baixíssima qualidade de resolução, é uma imagem muito especial para mim.
Já a imagem que segue, é de minha primeira turma de Terceira Série da EMEF Doutor Ulisses Guimarães, no ano de 2004, visitando a propriedade de um produtor rural do município.
Lembro que a organização desta visitação foi bem complicada porque ao comunicar a Secretaria de Educação do Município que esta atividade seria realizada em áreas com presença de cachoeiras e açudes, fez-se a exigência de que um bombeiro deveria nos acompanhar preventivamente, para caso de emergência. Então, excetuando a burocracia, acabaram indo dois deles nos acompanhar.
Em 2005, minha última turma no Paraná, ,foi mais que especial porque foi a primeira vez que eu trabalhava com turmas de Quarta Série. Então, eu me sentia super orgulhosa deles! Foi com eles que fiz minha primiera saída a campo "para longe". Levei-os até Vila Velha, em Ponta Grossa. Aliás também fiz questão de que tivessem uma formatura no final do ano, já que deixariam nossa Escola e passariam a estudar em outra.
Se existe uma palavra que possa definir este período é "Saudade!" Justamente por este motivo, concordo plenamente com as palavras de LE GOFF (2003, apud FELIZARDO e SAMAIN, 2007, p. 214) quando afirma que: "a memória, como capacidade de conservar certas informações, recorre, em primeiro lugar, a um conjunto sobre o assunto. Remetemos à instigante proposta metodológica oferecida por funções psíquicas, graças às quais, o homem pode atualizar impressões ou informações passadas, que ele representa como passadas."
Já 2006, formada em Geografia, minhas memórias deixam de ser paranaenses e passam a se aclimatar ao gauchismo de São Leopoldo. Até então, minha experiência como os primeiros anos do Ensino Fundamental é colocada à prova no trabalho com adolescentes. Que desafio!
Interessante é que FELIZARDO E SAMAIN (2007, p. 209) chamam a atenção para o fato de que "(...) são grandes as chances de a fotografia digital, não impressa, ao longo dos anos, ficar à deriva, fadada ao desaparecimento e com ela, a memória das pessoas que a fizeram e a inspiraram." Pois foi justamente aí que percebi que minhas fotografias entre 2007 e 2009, embora catalogadas e bem condicionadas em cd´s, perderam-se em sua grande maioria.
Embora eu tenha realizado várias saídas a campo ao longo destes dez anos que resido em São Leopoldo, cujas imagens poderiam reforçar a ideia de comprovantes de minha memória docente, optei pela imagem de uma das mais recentes, da Escola em que me encontro trabalhando atualmente.
Em suas reflexões, FELIZARDO E SAMAIN (2007, p. 209) chamam a atenção de que "(...) o fato de poder visualizar momentaneamente as fotografias geradas num écran e a forma como as pessoas guardam essas imagens, ora no HD do computador, ora num cartão de memória, num CD ou DVD, todos sujeitos à falhas e erros de leitura, levantam questões preocupantes." Em partes, concordo com esta afirmação. Todavia, com o advento das redes sociais, tenho procurado utilizá-las como recursos pedagógicos, inclusive para armazenamento e registros das atividades que vamos realizando no transcorrer do ano letivo. Além desse recurso apresentar ótimo recurso de armazenagem, justamente por comportar grandes quantidades de fotografias, ainda permitem que a comunicação com os alunos, inclusive com aqueles que já não estão mais em nossa Escola. Penso que aí, resida sua maior importância enquanto forma de incrementação às didáticas de ensino.
Uma memória organizada por fotos é uma possibilidade de aprendizagem
Acho que antes de mais nada, as fotografias, reorganizadas cronologicamente, apresentam-se como prova primeira de nossa trajetória, nos convidam à reflexão de como lidamos com aquelas circunstâncias ali expressas, em meio aos panoramas que nos cerceavam naquele momento, portanto, revisitamos as aprendizagens construídas a partir daquelas experiências que foram sendo acumuladas.n
Selecionando as fotografias que comporiam este trabalho, confesso que senti dificuldades, porque remexer as memórias, traz de volta sons, cheiros, alegrias, tristezas, enfim, não se limita apenas a uma questão motora. É antes de mais nada, um exercício emocional muito importante, seja para nos darmos por conta das construções que fomos fazendo em nossa caminhada pedagógica, seja para nos orgulhar de cada passo que fomos dando nesta jornada enquanto professores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Excetuando o fato de que as fotos ingressadas neste trabalho estão com a resoluções muito reduzidas, eu gostaria de ingressar muitos outros registros que possuo. Preciso registrar que, em se tratando e PEAD, foi a primeira tarefa que realmente adorei fazer, de verdade!
Sempre gostei de fotografias e de fotografar, e a julgar pela leitura e pelas reflexões que suscitaram, não me surpreendeu que tenha sido interessantíssimo a realização de cada detalhe que ora expus.
REFERÊNCIAS
FELIZARDO, Adair; SAMAIN, Etienne. A fotografia como objeto e recurso de memória. Discursos fotográficos. Londrina, v.3, n. 3. p. 205 -220, 2007. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view/1500/1246 , acessado em 28 de novembro de 2016.
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