Não é novidade o
descredenciamento social que a figura do professor vem sofrendo gradativamente,
causa primeira que contribui para a “desistência da educação enquanto projeto
de preparação de crianças e jovens para que encontrem o seu lugar no mundo
adulto”, conforme aponta as reflexões sugeridas nos estudos de Murta.
Mas, e qual é o lugar do
professor neste mesmo mundo? Será este mesmo de profissionais divididos entre cargas
horárias excessivamente exaustivas devido aos baixos salários? Lugar de
profissionais que diariamente, tentam resolver problemas disciplinares em meio
a bombardeios de informações, renegando desgaste físico e emocional para não
arcar com uma aposentadoria precoce (que lhe acarretaria perdas significativas
de seu salário)? Lugar de profissionais que se sacrificam em prol da defesa
utópica de seus idealismos, pois ainda
concebem-se capazes de fazer a
diferença?
Ainda dissertando sobre
seu ponto de vista, Murta afirma que, “desistindo da realização do projeto
educativo, os professores na verdade, estariam se demitindo de sua posição de educador
e, em decorrência, renunciando ao ato
educativo”.
No entanto, mais do que
chamar a atenção para esta questão que por si, já é preocupante, é importante
que as ponderações alastrem-se além do apontamentos de culpados e inocentes no
processo educativo, sobretudo, porque este pauta-se em relações interpessoais e
estas, vem sendo alvo de significativas mutações nos últimos anos.
É ponto pacífico em
muitos estudos, nas mais diferentes áreas, que as mudanças sociais ocorridas
principalmente após o advento das tecnologias e todas as suas facilidades, tem
se refletido decisivamente na cultura e nos interesses das pessoas. Em meio a
este cenário, novamente, a pressão por requalificação profissional recai sobre
o professor, pois é sua obrigação
contemplar os novos interesses do alunado, já que sobre ele, multiplicam-se as
expectativas por parte de diretores, pais e dos próprios educandos.
Desta forma, avolumam-se as
“hipóteses” na tentativa de justificar o
sofrimento do professor. Porém, quase
nada disso se traduz em termos de políticas públicas e educacionais com vias à
prevenção, acompanhamento ou mesmo, no tratamento destes profissionais, dignos
de respeito dada a importância social dos papeis que desempenham na sociedade.
Referências
MURTA,
Cláudia. Magistério e sofrimento
psíquico: Contribuição para uma leitura psicanalítica da Escola. Disponível
em https://moodle.ufrgs.br/course/view.php?id=41728,
acessado em 12 de setembro de 2016.
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