quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Tempo e Espaço: concepções de professores, concepções de alunos



Não é novidade que as leituras abrangentes e significativas acerca das relações existentes entre tempo e espaço podem servir de valiosas referências quanto às didáticas de ensino, sobretudo, porque o próprio espaço escolar caracteriza-se pelo compartilhamento de experiências, primado nas relações interpessoais.
Desta forma, levar em consideração o universo infantil ou da adolescência, está longe da abdicação do rigor intelectual ou do valor do próprio conhecimento em si. Pelo contrário. É a garantia de que estes conhecimentos serão apropriados de forma significativa e portanto, interessante aos olhos de todos os envolvidos no processo, o que  COOPER denomina como “aprendizado ativo”.
Costumeiramente, encontramos alunos que afirmam não gostar da disciplina de História, visto que geralmente, os métodos de ensino não dizem respeito em nada ao cotidiano social com o qual convivem, tampouco, possui relações com o futuro. Sobre isso, COOPER afirma que, “se quisermos ajudar nossos alunos a se relacionarem ativamente com o passado, precisamos encontrar formas de ensiná-los, desde o começo, que iniciem o processo com eles e seus interesses, que envolvam uma “aprendizagem ativa” e pensamento histórico genuíno, mesmo que embrionário, de maneira crescentemente complexa”
É nesse contexto, que a história regional torna-se tão importante para a formação do aluno, visto que seu estudo torna este campo de estudo muito mais atraente na visão do adolescente e do jovem.
Na minha opinião, o grande diferencial das reflexões da autora se pauta em sua dedicação em traduzir teoria em prática, passando a elencar algumas sugestões de atividades escolares passíveis de realização, das quais, passo a citar algumas, sugerindo algumas adaptações, de acordo com o contexto regional de minha Escola:


* Tempo e mudanças nas vidas dos próprios alunos – Com o auxílio da família, os alunos produzem uma linha do tempo, considerando fatos importantes que ocorreram em sua vida, desde seu nascimento. Após esta fase, cada aluno produzirá um vídeo com depoimentos de seus pais, avós, tios, relatando histórias de sua infância, preferencialmente, ilustradas com fotos. Para finalizar, os vídeos serão reunidos numa coletânea, editados e exibidos para os colegas, finalizando com debates pertinentes ao fato de todos sermos seres que produzem sua própria história.



* Histórias sobre o passado mais distante – Como São Leopoldo possui o título de “berço da imigração alemã no Brasil”, muitos são os costumes, histórias e hábitos germânicos presentes nas famílias capilés. Sendo assim, aproveitar esta herança histórica sob a forma de elaboração de pesquisas com ancestrais, visitações ao Museu do Imigrante, ou ao Museu Visconde de São Leopoldo, ou a Museu do Trem, parecem ser ótimas formas de iniciar o trabalho com estas histórias. Para finalizar, pode-se pensar na produção de uma peça teatral que tenha como pano de fundo uma lenda germânica, ou ainda, a chegada dos primeiros imigrantes ao Vale do Rio dos Sinos.


Interpretações e reconstruções de histórias vivas - Infelizmente, nossa cidade ainda não dedica a devida importância à conservação arquitetônica das construções históricas que constituíram sua história. No entanto, ainda existem alguns exemplares remanescentes. Então, uma atividade que me parece interessante é comparar fotos antigos com fotos atuais destes mesmos lugares, tiradas sob o mesmo ângulo. Para tanto, cada aluno deverá pesquisar uma imagem antiga de São Leopoldo (podendo inclusive, utilizar-se do acervo familiar), localizar o mesmo lugar na atualidade e fotografar, ficando ao crivo do observador, identificar as diferenças entre o ontem e o hoje. Para fechar esta atividade, pode-se organizar uma exposição com estas fotos, tomando-se o cuidado de identificá-las segundo suas autorias.



 REFERÊNCIAS


COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de 3 a 8 anos. Educar, Curitiba, v. Especial, p.171-190, 2006. Disponível em: http://revistas.ufpr.br/educar/article/viewFile/5541/4055, acessado em 21 de setembro de 2016. 

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