Não é
novidade que as leituras abrangentes e significativas acerca das relações
existentes entre tempo e espaço podem servir de valiosas referências quanto às
didáticas de ensino, sobretudo, porque o próprio espaço escolar caracteriza-se
pelo compartilhamento de experiências, primado nas relações interpessoais.
Desta
forma, levar em consideração o universo infantil ou da adolescência, está longe
da abdicação do rigor intelectual ou do valor do próprio conhecimento em si.
Pelo contrário. É a garantia de que estes conhecimentos serão apropriados de
forma significativa e portanto, interessante aos olhos de todos os envolvidos
no processo, o que COOPER denomina como “aprendizado ativo”.
Costumeiramente,
encontramos alunos que afirmam não gostar da disciplina de História, visto que
geralmente, os métodos de ensino não dizem respeito em nada ao cotidiano social
com o qual convivem, tampouco, possui relações com o futuro. Sobre isso, COOPER
afirma que, “se quisermos ajudar nossos alunos a se relacionarem ativamente com o
passado, precisamos encontrar formas de ensiná-los, desde o começo, que iniciem
o processo com eles e seus interesses, que envolvam uma “aprendizagem ativa” e
pensamento histórico genuíno, mesmo que embrionário, de maneira crescentemente
complexa”
É nesse contexto, que a
história regional torna-se tão importante para a formação do aluno, visto que
seu estudo torna este campo de estudo muito mais atraente na visão do
adolescente e do jovem.
Na minha opinião, o grande
diferencial das reflexões da autora se pauta em sua dedicação em traduzir
teoria em prática, passando a elencar algumas sugestões de atividades escolares
passíveis de realização, das quais, passo a citar algumas, sugerindo algumas
adaptações, de acordo com o contexto regional de minha Escola:
* Tempo e mudanças nas vidas
dos próprios alunos – Com o auxílio da família, os alunos produzem uma linha do tempo,
considerando fatos importantes que ocorreram em sua vida, desde seu nascimento.
Após esta fase, cada aluno produzirá um vídeo com depoimentos de seus pais,
avós, tios, relatando histórias de sua infância, preferencialmente, ilustradas
com fotos. Para finalizar, os vídeos serão reunidos numa coletânea, editados e
exibidos para os colegas, finalizando com debates pertinentes ao fato de todos
sermos seres que produzem sua própria história.
* Histórias sobre o passado
mais distante – Como São Leopoldo possui o título de “berço da imigração alemã no
Brasil”, muitos são os costumes, histórias e hábitos germânicos presentes nas
famílias capilés. Sendo assim, aproveitar esta herança histórica sob a forma de
elaboração de pesquisas com ancestrais, visitações ao Museu do Imigrante, ou ao
Museu Visconde de São Leopoldo, ou a Museu do Trem, parecem ser ótimas formas
de iniciar o trabalho com estas histórias. Para finalizar, pode-se pensar na
produção de uma peça teatral que tenha como pano de fundo uma lenda germânica,
ou ainda, a chegada dos primeiros imigrantes ao Vale do Rio dos Sinos.
* Interpretações e
reconstruções de histórias vivas - Infelizmente, nossa cidade ainda
não dedica a devida importância à conservação arquitetônica das construções
históricas que constituíram sua história. No entanto, ainda existem alguns
exemplares remanescentes. Então, uma atividade que me parece interessante é
comparar fotos antigos com fotos atuais destes mesmos lugares, tiradas sob o
mesmo ângulo. Para tanto, cada aluno deverá pesquisar uma imagem antiga de São
Leopoldo (podendo inclusive, utilizar-se do acervo familiar), localizar o mesmo
lugar na atualidade e fotografar, ficando ao crivo do observador, identificar
as diferenças entre o ontem e o hoje. Para fechar esta atividade, pode-se
organizar uma exposição com estas fotos, tomando-se o cuidado de identificá-las
segundo suas autorias.
REFERÊNCIAS
COOPER, Hilary. Aprendendo e ensinando sobre o passado a crianças de 3 a
8 anos. Educar, Curitiba, v. Especial, p.171-190, 2006. Disponível
em: http://revistas.ufpr.br/educar/article/viewFile/5541/4055,
acessado em 21 de setembro de 2016.
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