Entre as coisas interessantes que as leituras
e reflexões da Interdisciplina 071 – Representação do Mundo pela Matemática,
vem suscitando, chama minha atenção à negativa de que deva existir uma
linearidade do ensino das quatro operações, limitando-as à determinadas anos
letivos ou ainda, faixa-etárias, pois como defende Gurgel (2016), “a ideia defendida por especialistas de renome é buscar
cada vez mais evidenciar as relações existentes entre as operações, mesmo antes
da sistematização de seus algoritmos.”
Partindo do princípio de que a
resolução de uma operação não se resume a saber como se faz o algoritmo, dando
vazão ao início dos registros escritos e de que, não são as memorizações de
fatos, regras e simbologias que propiciam aos alunos as bases formais para a
aprendizagem, faz-se fundamental que, em meio ao processo, o professor tenha
sempre em mente que não há como dissociar a adição da subtração, tal como não é
possível separar a multiplicação da divisão. Dizendo de outra forma: não existe
um caminho único para a solução de problemas matemáticos.
Embora eu seja inexperiente neste
tipo de abordagem de ensino, foi possível compreender a partir das leituras que
realizei que, quanto mais tipos de problemas os alunos conhecerem, mais se
sentirem desafiados à ampliarem o leque de estratégias para as resoluções, mais
ampliarão sua visão, suas compreensões quanto às sistematizações possíveis para
a solução.
Ainda que não se deem por conta,
as crianças já resolvem divisões e multiplicações simplificadas e acho que é
justamente neste estímulo à abstração que reside o sucesso das primeiras
investidas com relação ao ensino de multiplicações e divisões, para que ocorra
de forma autônoma, ou seja, que os alunos deem-se por conta das ideias que
estão por trás do concreto.
Levando em consideração que três
conceitos são fundamentais no campo multiplicativo: a proporcionalidade, a
organização regular e a análise combinatória, penso que o trabalho inicial
deveria se pautar justamente no desenvolvimento destas noções.
No que se refere a
proporcionalidade, ou a relação entre duas variáveis, penso que seria
interessante levar uma balança e pedir que os alunos levassem frutas da estação
para a Escola. Em seguida, coletivamente, os alimentos receberiam valores por
quilo/unidade. Depois, os alunos fariam “compras”, pesando as frutas e na
sequência, analisariam as relações do gênero: “Se uma quilo de maçã custa R$
8,00 e minhas compras representaram 500 gramas, gastei R$ 4,00 para pagá-las.
Portanto, paguei a metade do valor porque comprei a metade de um quilo.” Para
finalizar, ainda podemos fazer uma salada de fruta bem gostosa!
Em se tratando de organização
regular, penso que a maneira mais efetiva para se trabalhar este conceito seja
a utilização de material dourado, materiais recicláveis (tampinhas de garrafa,
canudinhos, palitos de picolé, etc) pois, antes de mais nada, é importante que
o aluno visualize as possibilidades de agrupamentos e as explore em todas as
suas extensões, primeiramente com objetos paupáveis, para somente depois,
seguir para a abstração das quantidades.
Entre os três conceitos, penso que
o mais simples de se trabalhar seja justamente a análise combinatória, dada a
sua amplitude de abordagens. Inicialmente,pode-se pedir as crianças que tragam
roupas e calçados que já não usam mais para a sala de aula e com elas, façam
prováveis combinações de utilização. (O interessante desta atividade é que
estas roupas podem ser doadas na sequência, despertando nos alunos noções de
altruísmo e solidariedade) Recortes de folders de lojas que vende de roupas
podem ser de grande valia nesta atividade. Objetos sequenciados por cor,
tamanho, textura, peso, etc, também podem ser muito contributivos para o
desenvolvimento de análises combinatórias.
REFERÊNCIAS
FELZETTA. Ricardo. É hora de ensinar
proporção. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/hora-ensinar-proporcao-fala-mestre-terezinha-nunes-428131.shtml,
acessado em 27 de novembro de 2016.
GURGEL. Thais. Multiplicação e divisão já nas
séries iniciais. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/multiplicacao-divisao-ja-series-iniciais-500495.shtml, acessado
em 27 de novembro de 2016.
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