sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Divisão, multiplicação e as práticas pedagógicas

Entre as coisas interessantes que as leituras e reflexões da Interdisciplina 071 – Representação do Mundo pela Matemática, vem suscitando, chama minha atenção à negativa de que deva existir uma linearidade do ensino das quatro operações, limitando-as à determinadas anos letivos ou ainda, faixa-etárias, pois como defende Gurgel (2016), “a ideia defendida por especialistas de renome é buscar cada vez mais evidenciar as relações existentes entre as operações, mesmo antes da sistematização de seus algoritmos.
Partindo do princípio de que a resolução de uma operação não se resume a saber como se faz o algoritmo, dando vazão ao início dos registros escritos e de que, não são as memorizações de fatos, regras e simbologias que propiciam aos alunos as bases formais para a aprendizagem, faz-se fundamental que, em meio ao processo, o professor tenha sempre em mente que não há como dissociar a adição da subtração, tal como não é possível separar a multiplicação da divisão. Dizendo de outra forma: não existe um caminho único para a solução de problemas matemáticos.
Embora eu seja inexperiente neste tipo de abordagem de ensino, foi possível compreender a partir das leituras que realizei que, quanto mais tipos de problemas os alunos conhecerem, mais se sentirem desafiados à ampliarem o leque de estratégias para as resoluções, mais ampliarão sua visão, suas compreensões quanto às sistematizações possíveis para a solução. 
Ainda que não se deem por conta, as crianças já resolvem divisões e multiplicações simplificadas e acho que é justamente neste estímulo à abstração que reside o sucesso das primeiras investidas com relação ao ensino de multiplicações e divisões, para que ocorra de forma autônoma, ou seja, que os alunos deem-se por conta das ideias que estão por trás do concreto.
Levando em consideração que três conceitos são fundamentais no campo multiplicativo: a proporcionalidade, a organização regular e a análise combinatória, penso que o trabalho inicial deveria se pautar justamente no desenvolvimento destas noções. 
No que se refere a proporcionalidade, ou a relação entre duas variáveis, penso que seria interessante levar uma balança e pedir que os alunos levassem frutas da estação para a Escola. Em seguida, coletivamente, os alimentos receberiam valores por quilo/unidade. Depois, os alunos fariam “compras”, pesando as frutas e na sequência, analisariam as relações do gênero: “Se uma quilo de maçã custa R$ 8,00 e minhas compras representaram 500 gramas, gastei R$ 4,00 para pagá-las. Portanto, paguei a metade do valor porque comprei a metade de um quilo.” Para finalizar, ainda podemos fazer uma salada de fruta bem gostosa!
Em se tratando de organização regular, penso que a maneira mais efetiva para se trabalhar este conceito seja a utilização de material dourado, materiais recicláveis (tampinhas de garrafa, canudinhos, palitos de picolé, etc) pois, antes de mais nada, é importante que o aluno visualize as possibilidades de agrupamentos e as explore em todas as suas extensões, primeiramente com objetos paupáveis, para somente depois, seguir para a abstração das quantidades. 
Entre os três conceitos, penso que o mais simples de se trabalhar seja justamente a análise combinatória, dada a sua amplitude de abordagens. Inicialmente,pode-se pedir as crianças que tragam roupas e calçados que já não usam mais para a sala de aula e com elas, façam prováveis combinações de utilização. (O interessante desta atividade é que estas roupas podem ser doadas na sequência, despertando nos alunos noções de altruísmo e solidariedade) Recortes de folders de lojas que vende de roupas podem ser de grande valia nesta atividade. Objetos sequenciados por cor, tamanho, textura, peso, etc, também podem ser muito contributivos para o desenvolvimento de análises combinatórias.



REFERÊNCIAS

FELZETTA. Ricardo. É hora de ensinar proporção. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/hora-ensinar-proporcao-fala-mestre-terezinha-nunes-428131.shtml, acessado em 27 de novembro de 2016.

GURGEL. Thais. Multiplicação e divisão já nas séries iniciais. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/multiplicacao-divisao-ja-series-iniciais-500495.shtmlacessado em 27 de novembro de 2016.


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