Certa noite
de domingo, naquela hora em que a musiquinha do Fantástico te deprime, ora
porque é sinal de que as horas de "descanso" estão chegando ao fim,
ora porque o resumo das notícias semanais te desanimam, tentando dar conta de
toda insensibilidade humana que permeiam a realidade mundial de nossos dias,
lembrei que a internet poderia ser uma alternativa para desopilação.
Entre postagens, curtidas e fotos do facebook, um pequeno
texto chamou a minha atenção, principalmente em função dos múltiplos
compartilhamentos entre meus colegas de profissão. Ali, dizia assim:
"Nesta
tarde (ou manhã, ou noite), em algum lar, um(a) professor(a) está preparando a
aula para o seu filho na escola, enquanto você trabalha ou assiste TV.
Neste mesmo minuto, professores
do mundo todo estão usando o seu “tempo livre”, muitas vezes gastando do seu
próprio bolso, para a educação, prosperidade e futuro do seu filho."
Pois era justamente isso! Ali, estava eu, com
várias abas abertas de sites pedagógicos, procurando novas atividades e
sugestões de lembrancinhas para o dia das mães, "carregando umas pedras
enquanto descanso"!
Não compartilhei a publicação, mas foi interessante o
quanto algumas palavras de terceiros vem nos convidar à reflexão de forma tão
inesperada às vezes.
Comecei a pensar no meu cotidiano... na sexta-feira que vim
caminhando pela rua, da Escola até a minha casa, trazendo 25 cadernos em
minha mochila, para corrigir as tarefas de meus alunos porque não foi possível
fazer isso em sala... lembrei que todas as noites meu horário de sono só é
permitido depois das 2 horas da manhã e só acontece porque antes, tomo remédios
receitados pela psiquiatra, justamente porque as horas que meu corpo necessita
para relaxar são divididas com a ansiedade causada pela preocupação que tenho
com alunos que não conseguem acompanhar o ritmo de aprendizagem dos demais e
necessitam de olhares especiais... pensei no horário marcado com o ortopedista
para verificar as dores que tenho sentido na coluna, outra rotina que não
costumava a estar no meu cotidiano existencial há algum tempo atrás...
Realmente, tenho gastado do meu bolso para ser professora!
A vida tem me feito estas cobranças e é muito triste quando
percebo que não tenho o suficiente para reembolsá-la depois...
Beirando os quarenta, você não olha mais as coisas com o
mesmo olhar romantizado dos 20. A praticidade dos 30, continua a imperar. O
tempo passa a urgir e os cabelos brancos te contam diariamente que as coisas
daquele dia, não serão mais como eram antes...
- Ivonete, o que você vai trabalhar com os alunos do nono ano amanhã? Tu
tens de preparar algum conteúdo sobre o Oriente Médio! Ahh, e não te esquece
que esta turma tem a guria que é inclusão, e que tu tens de adaptar o conteúdo
para o nível dela para que a acompanhante possa ajudar.... e tem o sétimo ano,
a questão dos biomas brasileiros está em aberto, você precisa pensar uma forma
de encaminhar tudo para a pampa porque então, já pode dar sequência para a
Região Sul... Quanto aos alunos da tarde, aquele texto do Juca das Rosas parece
ser interessante para começar os diálogos sobre o Dia das Mães, inclusive, é
interessante abordar a questão de substantivos próprios e comuns porque abre um
leque para isso...
Começa o Domingo Maior... o filme já passou umas trezentas
vezes na sessão da tarde... meu corpo está relutando contra a impressora... as
coisas do nono ano são para a manhã seguinte....
Aí, o tempo diz:
- Ok, Ivonete, toma teus remédios e vai dormir. Para
amanhã, estamos com tudo pronto. Agora, você tem de "guarda energia"
para os trabalhos da UFRGS de amanhã a noite, porque as datas estão se
aproximando..."
E lá, eu vou... Brincar de viver, porque tenho de ter
dinheiro para pintar os cabelos brancos depois...
Ahhh, mas antes, FELIZ DIA DO TRABALHO! 👍
Referências:
Ivonte,
ResponderExcluirVerdadeiro relato do cotidiano de uma professora. A vida acontecendo no pesado, exigente dia a dia da escola. Não fugimos de nossas resonsabilidades. Pagamos caro, muitas vezes, por isso. Mas soos resilientes e seguimos em frente. Que tenhamos forças para continuar!
[]'s
Tutora Jacque
Olá, Jacque...
ResponderExcluirResiliência... eis uma questão delicada, principalmente para pessoas que, como eu, não nasceram com vocação para monge budista.
Mas, ok...
Que tenhamos força...
Abraços,
IVONETE