terça-feira, 27 de junho de 2017

Apresentação do Projeto Leitura e Ação

             Na última semana, em nosso encontro presencial no PEAD, fizemos nossa apresentação, com PPT de nosso projeto de aprendizagem, para a interdisciplina de Projeto Pedagógico em Ação.
         
   Assim, reunimos um pouco de nossas experiências, considerando que somos quatro alunas neste grupo, com diferentes realidades, inclusive no que se refere às faixas etárias de nossos estudantes, completamente distintas.
   O projeto, na verdade, começou com nossas próprias dúvidas a respeito de como iríamos operacionalizá-lo de forma que contemplasse comum a todas e ainda, como traríamos isso a nossos alunos, etc. Foi necessário que fossem estabelecidas perguntas que nos guiaram na mobilização e execução de nosso projeto de forma bastante integrada e cooperativa.
    Foi bastante gratificante pois também aprendemos muito com essa troca.
   Algo que julgamos importante foi a metodologia de apresentação trazida pela Professora, estabelecendo que apenas uma integrante fosse interlocutora do grupo. Ao nosso ver, isso potencializou a ideia de coletividade que foi balizadora de nossas atividades, além de agregar positivamente na questão da otimização do tempo. A utilização do arquivo em PPT também facilitou a recordação de nossas ideias constituídas até então, funcionando como excelente recurso imagético. 
      Algumas vezes, tivemos dúvidas se o que estávamos construindo era um Projeto de Aprendizagem ou um Projeto de Aprendizagem, já que características de ambos, iam mesclando-se à construção de nossas atividades. 
         Contudo, ao final, dada às construções que fizemos, priorizando o protagonismo de nossos alunos ao realizarem as atividades, fomos nos dando por conta que estávamos no caminho certo e por isso, julgamos tão positivos os resultados de nossa apresentação.






segunda-feira, 26 de junho de 2017

Orientações sobre a Síntese Reflexiva V

    Momento 2 - Especificações sobre o Workshop

      Todas as abordagens partem de um quadro de conceitos, que devem ser abordados na realização da redação. Estes conceitos devem aparecem incrustrados no transcorrer das abordagens.
       Pode se pensar uma situação complexa para cada abordagem ou uma única que abarcará as três. As cenas escolares, as histórinhas, deverão ser sustentados por estes conceitos do quadro. 
       Para apoiar a análise, registrar evidências, a partir de referenciamento teórico. Estas evidências podem ser buscadas no desenvolvimento das atividades que forem sendo propostas pelas atividades. 
     O contexto da Escola precisa ser priorizado, utilizando os conceitos que são trazidos pelas abordagens. Essa complexidade conceitual é o propósito que busca a elaboração de um síntese mais densa.
        A ideia é que o texto seja no máximo de 3 páginas para cada abordagem.
        Todos os conceitos devem aparecer, podendo haverem repetições. 
        A organização do texto precisa levar em consideração as abordagens, inclusive entitulando-as de igual forma, independente da organização sequencial das mesmas.
       Ao produzir o texto, uma opção é deixar os conceitos escritos de forma negritada ou escritos de forma itálica. 
        A autoria é um aspecto relevante, mas precisa ser pensada de forma referenciada.
       As interdisciplinas serão apenas pontos de fundo, não são prioridades para apresentações. A ideia agora é priorizar as abordagens sugeridas.São 10 minutos de apresentação, que devem ser aproveitados

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Momento 3 - Fechamento das Análises dos Portfólios

    
      
     

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Entrevista realizada com a Presidente do Conselho Escolar da EMEF Professora Maria Gusmão Britto, localizada em São Leopoldo/RS

A presente entrevista ocorreu no dia 19 de junho do presente ano, na casa de minha amiga Beatriz Hartmann, professora de Educação Física e agora, Presidente do Conselho Escolar de nossa Escola, escolhida nas eleições que realizaram-se ainda nos primeiros dias deste mês. Embora se trate de uma posição relativamente nova para Bea, ela já fez parte do Conselho Escolar em outros momentos, ocupando funções como Secretaria ou Tesoureira.
Na sequência, passo a descrever algumas das questões que nortearam nossa conversa:

Ivonete: Um Conselho Escolar é organicamente instituído, pautando-se na ideia da participação integral de seus membros, cuja divisão de poder é igualitária. Entre as funções a que se destina esta entidade colegiada, qual você destacaria em função do grau de complexidade que abarca? Que razões justificam a sua escolha?

Beatriz: O Conselho Escolar possui basicamente cinco funções. A função deliberativa, como o próprio nome já dá a entender, são os momentos em que nos reunimos para conversarmos e tomarmos decisões sobre assuntos que digam respeito à organização de nossa Escola. Quando chegamos a um denominador comum, estamos cumprindo com a função consultiva do Conselho. Ela é solicitada pela direção da Escola ou em alguns momentos, por alguns pais que querem saber nossa opinião sobre determinados assuntos. Já a questão da mobilização diz respeito a forma como nos comunicamos com os nossos pares, informamo-lhes as decisões ou ainda, solicitamos que participem de alguma atividade que julgamos pertinente. A questão fiscalizadora se refere ao nosso acompanhamento a gestão financeira, pedagógica e administrativa que acontece cotidianamente na Escola e por último, a função avaliativa, é quando nos propomos a pensar resultados obtidos em avaliações externas ou internas que são realizadas pela Escola. Ano retrasado,  tivemos um bom resultado na pesquisa do IDEB, mas ano passado, não fomos tão bem assim. Comentamos com a Direção este fato. No momento, estamos aguardando 0 resultado da OBMEP. Esperamos que, a exemplo do ano passado, nossa Escola passe para as próximas fases classificatórias!
Agora, entre todas estas funções, eu destacaria a questão mobilizadora como nosso calcanhar de Aquiles. Vejo isso acontecer entre nós mesmos, professores! Alguns não conseguem separar profissionalismo de vida pessoal e isso acaba gerando atritos. As questões em torno das greves do ano passado, ilustram bem tudo isso”.

Ivonete: Paulo Freire nos diz que, “o momento do diálogo é o momento em que os homens se encontram para transformar a realidade e progredir.” Entre as premissas estabelecidas pelo Conselho até então, é possível distinguir alguma que venha a ser o “carro-chefe” das ações pretendidas ao longo destes dois anos de mandato?

Beatriz: “Olhando o histórico de nossa Escola, percebemos que em 2008, foi realizada um primeira eleição de alunos que formaram o então GEAG, Grêmio Estudantil dos Alunos da Gusmão. Posteriormente, realizaram-se novas eleições em 2009 e desde então, não foram mais escolhidos membros para composição da agremiação.
Conversamos com a Direção, que nos apontou que entre as dificuldades, estava a falta de uma sede para tanto. Vemos em nossos alunos, principalmente na epoca que ocorrem os Fóruns de nossa Escola, muitos que se destacam pela liderança, pela iniciativa. Por este motivo, estamos em conversação para averiguarmos se a reativação do GEAG não seria uma alternativa interessante para fazer com que o aluno se sinta mais integrado à vida de nossa Escola, indo além do tempo que costuma dedicar às aulas. Penso que esta seja a maior proposta de nossa diretoria.

 Ivonete: Ainda há um mito muito grande de que quem entende de Escola é o diretor e os professores, que são eles que sabem o que tem de ser feito, cabendo aos demais, apenas apoiá-los em suas decisões. Agora, ocupando este lugar de Presidente, escolhida pelo voto direto, que reflexões esta afirmação lhe provoca? Você enxerga esta postura por parte das pessoas que compõem a nossa comunidade escolar?

Beatriz: A maioria dos pais de nossos alunos ainda é fruto desta geração e infelizmente, isso fica claro nos momentos em que a Direção os convida para virem a compor chapas para concorrerem aos cargos do Conselho Escolar. Para exemplificar, basta lembrar que os representantes dos segmentos de pais e/ou responsáveis, acabam sendo nossos colegas que tem seus filhos matriculados aqui na Escola.
 Vivemos uma epoca diferente. Hoje o sustento familiar não é mais proveniente do trabalho de uma única pessoa, até mesmo o conceito de “família” não e mais o mesmo!
Sendo assim, não há como exigirmos que os representantes de nossos alunos disponibilizem tempo exclusivo para acompanhamento das atividades escolares e por conseguinte, que possuam condições para participação ativa das ações demandadas pelo Conselho Escolar. Então, acaba que esta visão mitológica acaba por consolidar-se entre as pessoas, muto por força do hábito do que necessariamente, por desconhecimento.

 Ivonete: Uma das queixas recorrentes de nossa Escola é que os responsáveis são chamados apenas para ouvirem sobre as dificuldades ou relatos de indisciplina por parte de seus filhos ou das turmas em que eles estão inseridos. Você considera que são possíveis ações por parte do Conselho Escolar que possam contribuir para amenizar ou ainda, modificar esta realidade?

Beatriz: Retornando a minha fala anterior, percebemos que a Escola acaba chamando para si, várias responsabilidades, porque é desta forma que a contemporaneidade se desenha. Analisando a questão enquanto professora, vejo que o “chamar os pais” é o último recurso que possuímos enquanto instituição para resolvermos situações desarmônicas em nosso cotidiano pedagógico.
Entretanto, há situações que isso ocorre sob outras circunstâncias, como por exemplo, nas apresentações da Banda Marcial ao final do ano letivo, nas comemorações do Dia da Família ou em sábados voltados para atividades de integração, nas atividades que são desenvolvidas pelos Fóruns Anuais. Penso que, compete-nos como representantes do Conselho Escolar, auxiliar na divulgação e convidar aos demais membros de nossos segmentos a prestigiarem estes momentos, ajudar na disseminação da ideia de que a Escola também pode ser um espaço de lazer e encontro, além daquele que normalmente lhe compete.

Ivonete:: Embora a situação socioeconômica de nossa Escola não dê margens para preocupações com relação à evasão escolar, é notório que os índices de repetência geram desconforto. Esta prerrogativa configura entre as possibilidades de intervenções pensadas por parte do Conselho Escolar?

Beatriz: Certamente. O aluno que faz parte de nossa diretoria, já na primeira reunião que realizamos, nos relatou que alguns colegas de sua turma tem tido dificuldades com as matérias de Matemática. Então, resolveram criar grupos de estudos que se revezam semanalmente. Todas as quartas-feiras, os alunos se encontram na casa de um deles, tudo combinado previamente pelo grupo de pais, via whats app. Essa ideia tem sido válida e penso que como Conselho Escolar, trata-se de uma alternativa que pode ser levada como sugestão para outras famílias de nossa Escola.
Em outro momento, pensamos em criar um grupo de alunos voluntários que se disponibilizem a vir em horário extra-classe para auxiliar os alunos dos anos iniciais que estejam com dificuldades de aprendizagem, como se fosse uma espécie de tutoria. Alguns pais aposentados, também poderiam auxiliar neste processo.
Com isso tudo, quero dizer que, alternativas de intervenções existem, mas todas precisam ser pensadas e planejadas de forma que sejam benéficas a todos aqueles que queiram envolver-se.

Ivonete: O Conselho Escolar, dentro das instituições de ensino, propõem-se como a  materialização do direito à participação e compromisso entre os que fazem parte da Escola e os que a Escola atende. Em sua opinião, é possível verificar a veracidade desta afirmação traduzindo-se na prática cotidiana de nossa Escola?

Beatriz: Percebo que a Direção da Escola demonstra-se sempre aberta ao diálogo quando a procuramos. Em se tratando de mobilização, ainda temos dificuldades porque, vez por outra, não é possível que todos os membros estejam presentes nas reuniões.
Além de dedicação, trata-se de algo que demanda tempo e aí, esbarramos numa outra questão que muito influencia na qualidade das ações que nos propomos.
Entretanto, importantes passos já foram dados na direção do reconhecimento da existência de nosso Conselho Escolar. 



Beatriz Hartmann,  presidente do Conselho Escolar de nossa Escola

terça-feira, 20 de junho de 2017

Os fatores intraescolares e extraescolares e a qualidade da Educação

Os fatores intraescolares denominam os processos e práticas escolares que influenciam de forma determinante o sucesso do processo de ensino e aprendizagem em uma instituição. Entre os fatores associados à esta questão destacam-se a gestão escolar (que deve ser objetiva mas com um abordagem participativa pois esta cooperação entre os membros da comunidade escolar, além do estabelecimento de objetivos comuns), a relação entre professor e aluno (haja vista a importância que esta exerce para o sucesso do processo de ensino-aprendizagem). Já os fatores extraescolares se referem aos aspectos sociodemográficos e econômicos, os quais influenciam no destino educacional da Escola.
Em se tratando de minha Escola, prioriza-se a criação de expectativas positivas em relação aos alunos, verbalizados sob a forma de incentivos, pois acredita-se serem fatores que influenciam na qualificação deste processo, que devem atuar, aliados a ambientes escolares que ofereçam boas condições de trabalho.
Neste sentido, os recursos enviados pelo PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola, tem prestado importantes contribuições em minha Escola, pois os ambientes são mantidos com boa qualidade, há um cuidado estético com decoração de espaços com enfoques na aprendizagem acadêmica que venham de encontro ao Projeto Político Pedagógico.
Todas as nossas salas de aula possuem mesas e cadeiras em boas condições de uso, iluminação de boa qualidade. Elas são organizadas segundo componentes curriculares, sendo que cada disciplina, possui materiais didáticos específicos, que ficam ao alcance de cada turma e professor, podendo ser utilizá-los didaticamente segundo planejamento.
Falar em qualidade da Educação necessita que sejam levados em consideração aspectos objetivos, que articulem quantidade e qualidade. Estruturalmente, nosso país construiu-se sobre desigualdades e estas assimetrias também refletiram-se no sistema de ensino e portanto, discutí-lo, tem implicação nestas questões mais amplas.
Nossa Escola é vista como um ambiente pedagógico por excelência, justificadas  nas objetividades que são expressas em seu Projeto Pedagógico. Ali, é possível constatar uma visão estruturada da relação homem, mundo e sociedade. Condições de acesso e permanência, de valorização salarial, constituição de espaços continuamente participativos são alguns dos assuntos que permeiam às discussões que tecemos, justamente com vias à priorizar a qualidade da educação que queremos. Aquilo que é estabelecido, mostra-se sempre passível de questionamentos, pois é importante que o transitório receba o devido tratamento que a atualidade exige.


REFERÊNCIAS

CONAE. Documento referência. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1232964, acessado em 25 de junho de 2017.

DOURADO. Luiz Fernandes.. Políticas e gestão da educação básica no Brasil: limites e perspectivas. Disponível em: https://moodle.ufrgs.br/mod/resource/view.php?id=1232963, acessado em 25 de junho de 2017.


FILHO. Eriberto Barroso Façanha. Possíveis fatores extraescolares e intraescolares vinculados ao desempenho em matemática na prova Brasil de alunos dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola pública de Manaus/AM. Disponível em: file:///C:/Users/Windows/Desktop/UFRGS/Trimestres%20Passados/4.%20QUARTO%20SEMESTRE/Downloads/175-202-1-PB.pdf, acessado em 25 de junho de 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

Nós da Educação, sobre a construção do Projeto Político Pedagógico

Nós da Educação, sobre a construção do Projeto Político Pedagógico

Entrevista com Ilma Passos Alencastro Veiga
 (Pós-Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas)


A literatura sobre o Projeto Político Pedagógico só começou a surgir com mais ênfase após apromulgação da LDB, em 1996. O PPP nada mais é que um processo de tomada de decisões democráticas. É um movimento que deve ser participativo, um movimento coletivo. O projeto, ao mesmo tempo que constrói este movimento, dá a ideia de que deve ser vivenciado por professores, alunos, funcionários da Escola, representantes da Comunidade Escolar: todos participam da concepção, todos executam e todos avaliam.
Na história da Educação, a própria palavra não vem da Educação. Somente com a LDB é que a palavra Projeto é assumida pela educação, passando a falar-se m Projeto Político Pedagógico. O Político denota a influência de Paulo Freire. O ato pedagógico está interligado ao político e vice-versa.
O PPP pode ser concebido dentro de duas perspectivas: numa perspectiva técnica é mais um modismo. Surge por força de lei e vira um modismo. Acabou o modismo, todo mundo esquece. Se o PPP chega dentro de uma perspectiva técnica, burocrática e de uma visão de educação mais conservadora, hoje, ele está se tornando indispensável. E numa perspectiva mais edificante, o PPP é emancipador, está calcado num princípio de educação enquanto prática social e que emancipa o homem. Tem um compromisso com os princípios ou com as finalidades da educação brasileira, expressas hoje  no artigo segundo da LDBEN que diz que é o pleno desenvolvimento do aluno, o preparo para a cidadania e o exercício para o trabalho. Então, PESSOA, CIDADANIA E TRABALHO é o compromisso maior que o PPP deve ter. Há um compromisso com a qualidade formal e com a qualidade política. A qualidade formal é no sentido de garantir às escolas as estruturas, as condições físicas, administrativas e de equipamentos para o funcionamento e a qualidade da educação. Do ponto de vista político, o compromisso do PPP é com a qualidade da educação para todos, sabendo que os governos tem tido um esforço muito grande para democratizar o acesso à Escola, mas ainda não conseguimos a questão da qualidade da educação e muito menos, a questão da permanência. Ainda temos uma grande defasagem idade/série, temos ainda muita repetência e muita evasão.
Esse compromisso do poder público com relação à qualidade política é um compromisso que vem sendo perseguido pelos diferentes governos do país.

Como o PPP pode colaborar para a qualidade na Escola?

O PPP, sendo trabalhado no bojo de uma concepção democrática e emancipatória e a própria legislação brasileira coloca bem claramente que a gestão democrática se dá através de diferentes mecanismos colegiadas dentro da Escola e o primeiro que ele coloca é a questão da eleição do diretor, mas não fica só por aí. Também temos outros mecanismos que a própria LDBEN coloca que é a questão do conselho escolar, o Conselho de Classe, as APMS, os grêmios estudantis para que o aluno tenha um espaço para além da sala de aula para o desenvolvimento de lideranças. O Brasil é um país sem liderança. A nossa liderança é hereditária e com isso perdemos o espaço para criação de lideranças quando você fecha o Grêmio Estudantil. Qualidade está ligada a uma participação maior da comunidade.

Qual a diferença entre um PPP de uma escola pública para o de uma escola privada?

Uma é regida pela própria mantenedora  e que tem a sua autonomia para definir estratégias de desenvolvimento e de elaboração do projeto. E temos  a Escola pública, regida pelo Poder Público, com sistema de manutenção diferente. Quando a LDB coloca a questão da Gestão Democrática, refere-se ao ensino público. Todavia, ao passo que o PPP passa a agregar as pessoas, faz com que as instituições tenham força. Se eu elaboro, executo e avalio, eu também sou dona deste projeto. Ali passa a conter parte da minha trajetória, das minhas argumentações, ideias e a gente defende as ideias.

Quais são os objetivos do PPP?

O projeto tem alguns objetivos: Ele tem que gerar a identidade da Escola e daí a sua singularidade. Cada escola possui uma realidade, um alunado, uma arquitetura diferente. O segundo ponto importante é que a Escola tem que inovar, gerar um novo tipo de ensino para a produção de conhecimento, considerando o aluno como produtor deste conhecimento. A Escola se abre para dar voz para o aluno e este é o ponto de partida para a inovação das metodologias. O professor precisa considerar que o aluno possui uma trajetória de vida.
Um terceiro aspecto é que o PPP tem o poder de desvenlar os conflitos e contradições que permeiam o processo educativo que ocorre dentro da Escola. O aluno, realiza a leitura de mundo, entendendo o que se passa na realidade social e que interfere no seu processo de formação.
E finalmente, o objetivo de avaliação. Hoje, recebemos uma avaliação externa, feita por órgãos externos à Escola. A Escola tem de desenvolver esta capacidade de se avaliar, seja suas condições de trabalho, seu processo, as ações pedagógicas desenvolvidas. No meu ponto de vista, são quatro grande objetivos seriam: identificação, inovação, avaliação e politização.
De que forma a LDB institui o PPP?
A legislação em seus artigos 11, 12 e 13 trata sobre o Projeto, que deve ser feito pelos estabelecimentos de ensino, seja sob a forma de Projeto ou de Proposta Pedagógica, não havendo diferenças entre ambas as designações. Ao falar sobre a incumbência dos profissionais da educação, chama a atenção para a importância de que o PPP seja construído sob a ótica da participação e isso é um avanço. Mais a frente, nos artigos 14 e 15, fala sobre a Gestão Democrática, fortalecendo ainda mais o princípio da participação e estabelece os princípios da autonomia da Escola: autonomia financeira, pedagógia e administrativa. Aí, reside o grande diferencial entre a Escola Pública e a Escola Privada. Enquanto a Escola Pública tem uma autonomia pequena do ponto de vista financeiro porque ela tem uma manutenção por parte do governo. Em se tratando de sua autonomia pedagógia e administrativa, é um processo de construção.

Burocracia x Operacionalização: como se dá esta relação no PPP?
Trata-se de uma relação complicada porque o PPP começa com a leitura da prática da Escola, ou seja, começa fazendo um retrato da Escola. Exatamente quando eu levanto os problemas (pedagógicos, administrativos, burocráticos, financeiros, problemas com relação ao desenvolvimento de pessoal, de professores) que a Escola encontra no seu processo de desenvolvimento da Educação, evidentemente que é necessário estabelecer prioridades, já que a Escola não vai dar conta de resolver todos os problemas, já que alguns fogem da esfera de resolução da própria Escola. Definindo prioridades, eu estabeleço obstáculos, forças restritivas que tem dificultado o desempenho de qualidade da Escola. Então aí, entre a tomada de decisões e a operacionalização, é preciso prever encaminhamentos para reduzir estes espaços de encaminhamentos que reduzam estes sofrimentos, conflitos e tensões.
Quais são os elementos que precisam ser observados na organização, no desenvolvimento e na avaliação de um PPP?
Estabelecer as finalidades -  É preciso desenvolver o aluno em sua integralidade, sua cidadania e qualificação para o trabalho. Então, a Escola deve se perguntar quais são as formas pelas quais tem procurado atingir estas finalidades da LDB.
Avaliar é a questão do currículo -  o início da década de 90, tivemos um currículo definido em âmbito nacional, os chamados Parâmetros Curriculares Nacionais sem considerar as questões das especificidades regionais. Como a Escola organiza curricularmente os conhecimentos, a partir do artigo 26 da LDB, estruturado disciplinarmente. O Estado define políticas orientadoras, não políticas definidoras de ações, mas quem concebe  a forma como estas serão empregadas no cotidiano é o professor que está em sala de aula, que vivencia a realidade da escola onde atua. Traz o tom da prática, o tom da realidade mesclada à teoria.
A gestão administrativa e pedagógica da Escola.
O tempo escolar - regulamentado em 800 horas letivas, um tempo cronometrado para as salas de aula.
As relações de trabalho – que devem ser primadas na solidariedade, na co-participação
A avaliação - vinculada a auto-avaliação, que partem da própria Escola.


O PPP ajuda a compreender a educação regionalizada?
Sim, porque uma das características do PPP é exatamente a identificação da  Escola e o que buscamos nesta ideia, é que a Escola mostre a sua marca, sua cara, suas singularidades, sua vocação, a forma como trabalha com os alunados daquela região em que se insere. Desta forma, o projeto é inconcluso e ondicionado à formação continuada de professores, significa que constantemente, precisamos estar constantemente o revisitando.
Como se relacionam as dimensões técnicas, políticas e sócioculturais quando o assunto é PPP?
A parte técnica do Projeto, (a sua organização, elaboração, avaliação, ou seja, o conteúdo do projeto),   parte política (compromisso com a intencionalidade que deve estar diretamente ligada ao desenvolvimento pleno do aluno, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho:  sujeito, pessoa, educando e trabalhador: aí reside o compromisso do PPP com esta intencionalidade) e a questão do social é considerar que a Escola pública atende hoje uma parcela da população que até então não tinha acesso à Escola. Há uma diversidade cultural muito grande adentrando à Escola.
No entanto, no caso da violência por exemplo: não compete à Escola a resolução deste problema. Ela precisa de parcerias, mecanismos para atendimento destas questões que extrapolam a sua capacidade de intervenção direta. A Escola tem uma parcela de responsabilidade quanto às questões sociais, mas há um limite. É papel da Escola trabalhar as questões que preocupam a sociedade como drogadição, sexualidade precoce, violência, etc., mas não compete a ela resolver estes problemas, apenas prestar esclarecimentos. Para isso, existem outros setores públicos que devem andar em parceria com a Escola para resolver questões desta natureza.
O professor passou a assumir papel que não lhe compete, a sociedade joga nas costas da Escola doses de responsabilidade que muitas vezes não lhe competem! Aí entra o PPP, que no campo das operacionalizações, uma vez que levantadas estas questões problemáticas, deve estabelecer quais os órgãos que lançarão esforços para auxiliar na resolução destas questões.

O PPP atua como uma forma de reconstituição do campo do poder dentro das Escolas? Como se dá este processo?

A gestão autoritária, centrada na pessoa do diretor, que antecedia a Gestão Democrática, foi substituído por ideias de instâncias colegiadas para operacionalizar os mecanismos da gestão democrática. Entre estes mecanismos, o primeiro que aparece é a eleição para diretor, além disso temos a formação de Conselhos Escolares. Quando a Escola utiliza bem a ideia de conselho escolar, há um empoderamento de todos os participantes. O resgate dos Grêmios Estudantis também é um espaço para que o aluno tenha voz para além da sala de aula, para a criação de novas lideranças além daquela hereditária. Os Conselhos de Classe e as Associações de Pais e Mestres também são formas de melhor distribuir o poder dentro das Escolas.

Como se dão as relações entre as instituições educativas no contexto social?

No contexto social, se você tem a APM, essa associação estaria ligando com a comunidade. Já o Conselho Escolar possui representantes diretos desta comunidade. A escola, inserida numa realidade social, precisa ter um vínculo a ponto de saber o que esta realidade social tem que pode  fazer intersecção com o papel da Escola no movimento deste PPP. Esta participação por parte de todos é preciso que todos os atores sintam-se acolhidos pelos espaços escolares. O conceito de família mudou e a Escola precisa encarar isso, enfrentar estas questões que são sociais e que também merecem espaço para debates.  Muitas vezes, os responsáveis não conseguem acompanhar a vida escolar de seus filhos, por exemplo. Essa é uma questão que compete a Escola encontrar mecanismos de comunicação que possibilite estas trocas, caminhos que estejam de acordo com a clientela que lida. Não é tarefa fácil, mas é importante este movimento que aproxime à família da Escola.

De que maneira a educação colegiada influencia a elaboração do PPP?

O PPP precisa ser construído a partir do chão da Escola e isso implica que vários muros que impedem a relação coletiva da Escola sejam derrubados. O PPP é um grande guarda-chuva dentro da Escola porque tem de ser desdobrado em vários planos de ensino de acordo com a quantidade de disciplinas que se ministra já que é na sala de aula que o PPP se concretiza. Esse nível de coerência é muito importante, sobretudo quando todas as disciplinas correlacionam-se horizontalmente. A participação ativa de todos os professores, colabora com visões diferenciadas. Esta visão de professor participante, permite a coletivização das ações.





terça-feira, 6 de junho de 2017

O que caracteriza uma Escola Democrática?


       "Se a afirmação do ser humano é uma afirmação política, veja que aqui, o político não se identifica com o senso comum, político partidário, uma política de nós contra os outros. Estamos falando de política no sentido de convivência entre os sujeitos. Esta convivência com outros sujeitos pode acontecer de forma autoritária e ela pode ser de uma forma democrática.
           A democracia então é muito além do que ter eleições, é muito mais do que simplesmente a voz do povo. É tudo isso, mas ela, em essência, como fundamento de princípio, envolve a convivência entre os sujeitos que se afirmam como tais. Então, veja, esta base, já nos dá condições para examinar com rigor tudo aquilo que diz respeito ao funcionamento dos órgãos coletivos, das instâncias coletivas porque a educação só se faz se ela for democrática. Se a criança só aprende se quiser, a primeira coisa que você tem que fazer é propiciar condições para que ela queira, se não, não adianta, não tem educação! 
      Propiciar condições para que ela queira é uma condição dialógica, democrática, por isso arriscada: você não tem certeza de que ela vai querer. Você tem de correr o risco de ela não querer.
           Esta é a noção da democracia que as pessoas as vezes não entendem.
           Por isso, o papel da Escola não é levar conhecimento simplesmente, ou mesmo, levar cultura. O papel principal da Escola é propiciar condições para que o aluno aprenda e claro, apresentando a cultura para que o aluno se aproprie dela. 
           Se este é o fundamento da Escola, como pode ser o fundamento das ações coletivas da Escola?
           Primeiro, não podemos esquecer nunca: o mais importante da democracia na Escola não se faz nestes colegiado, não se faz na relação do professor com o diretor. O mais importante, aquilo que deve orientar tudo, senão não adianta administração nenhuma, é uma relação entre o educador, o educando, que precisa necessariamente ser uma relação de respeito à subjetividade do aluno e o aluno como sujeito, respeitando a subjetividade do professor. Isso é o que fundamenta!
       Para que isso se fundamente, nós precisamos de uma série de atividades, uma série de disposições dentro da Escola. Uma delas, é que exista a participação de todos os envolvidos, porque nós estamos falando de democracia, nós estamos falando de direito a apropriação da cultura. 
            Então, o Conselho de Escola, o Conselho de Classe, as Reuniões de Pais, as Associações de Pais e Mestres, precisam se pautar em relações que não sejam incompatíveis com estas. Então não dá para pensar que você está numa instituição cujo paradigma é a democracia para que a criança se aproprie livremente do saber, você não pode, por exemplo, pautar as outras atividades dos professores, dos funcionários e de pais por relações que neguem isso. 
            O primeiro aspecto que determina o bom ou o mau funcionamento dos colegiados, ou  melhor ainda, das instâncias coletivas de participação, é saber qual o objetivo da Escola."
(Vitor Paro - Professor Titular da Faculdade de Educação da USP)