sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Sobre Projeto de Aprendizagem

        É  impossível falar em Projeto de Aprendizagem sem reportar-se ao construtivismo piagetiano, já que em essência, seu propósito é a promoção de aprendizagens profundas através indagações constantes que busquem o envolvimento das pessoas em questões e conflitos produtivos e portanto, relevantes às suas vivências.
         Trata-se de uma experiência motivada pela curiosidade, onde os métodos científicos são refeitos de forma prática. Há um deslocamento na questão de elaboração do conhecimento, pois motivado a procurar respostas para suas indagações, este vai se construindo grativamente pelo indivíduo, ao passo que ele encontrada as resoluções para suas próprias situações problemáticas.
       Pensados como metodologias de trabalho em sala de aula, o Projeto de Aprendizagem, segundo Almeida (2000): 

"(...) é uma forma de conceber educação que envolve o aluno, o professor, os recursos disponíveis, inclusive as novas tecnologias, e todas as interações que se estabelecem nesse ambiente, denominado ambiente de aprendizagem. Este ambiente é criado para promover a interação entre todos os seus elementos, propiciar o desenvolvimento da autonomia do aluno e a construção de conhecimentos de distintas áreas do saber, por meio da busca de informações significativas para a compreensão, representação e resolução de uma situação-problema. Fundamenta-se nas ideias piagetianas sobre desenvolvimento e aprendizagem, inter-relacionadas com outros pensadores, dentre os quais destacamos Dewey, Freire e Vygotsky."

        Vemos aqui que, os objetivos de um projeto de aprendizagem envolvem compromisso coletivo, diretrizes norteadoras e estruturações de ações que visem angariar resultados positivos. O professor passa a ser visto como mediador enquanto o aluno constrói o conhecimento de forma colaborativa, já que a ele, compete todo o protagonismo do processo.
          A pesquisa exige que a pessoa tenha algo a perguntar, que seja de antemão curiosa, que se sinta instigada a compreender os fenômenos que ocorrem à sua volta. 
     Há similaridades e confluências entre Projetos de Aprendizagem e Projetos de Pesquisa.  Vejamos:

 a) Quanto a escolha do tema:
Projeto de Aprendizagem: Alunos e professores, individualmente e ao mesmo tempo, em cooperação.
Projeto de Pesquisa: É definido pelo pesquisador se a pesquisa for individual ou pela equipe se a pesquisa for coletiva;

b) Quanto ao contexto:
Projeto de Aprendizagem: Contexto do aluno
Projeto de Pesquisa: O pesquisador, ao viver situações e indagar-se sobre as razões do que acontece à sua volta é quem elege o contexto.

c)  A quem satisfaz?
Projeto de Aprendizagem: Curiosidade, desejo, vontade do aprendiz
Projeto de Pesquisa: Satisfaz não só o pesquisador, mas à situação que gerou a indagação.

d) Como são tomadas as decisões?
Projeto de Aprendizagem: heterárquicas
Projeto de Pesquisa: São tomadas pelo pesquisador ou pela equipe

e) Como são definidas as regras, direções e atividades?
Projeto de Aprendizagem: Elaboradas pelo grupo, consenso entre alunos e professores
Projeto de Pesquisa: É o pesquisador ou a equipe quem as define

f) Qual é o paradigma?
Projeto de Aprendizagem: Construção do conhecimento
Projeto de Pesquisa: Como há inúmeros paradigmas teóricos, cabe ao pesquisador eleger aquele que melhor se adapta aos questionamentos e preposições da pesquisa, levando em consideração uma apropriação teórica ampla.

g) Qual é o papel do professor?
Projeto de Aprendizagem: problematizador, orientador
Projeto de Pesquisa:  aqui, é o papel desempenhado pelo próprio pesquisador, devendo ser curioso, socialmente informado e buscar respostas para esclarecer os seus questionamentos

h) Qual é o papel do aluno?
Projeto de Aprendizagem: agente
Projeto de Pesquisa: Se a pesquisa for contextualizada em um espaço escolar, os alunos podem ser vistos participantes eventuais, por exemplo.          
          


REFERÊNCIAS

ALMEIDA.Maria Elizabeth Bianconcini de. Projeto: uma nova cultura de aprendizagem. Disponível em http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0030.html, acessado em 13 de dezembro de 2016. 





         

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Narrativas de alunos: características identitárias do relevo gaúcho


A ideia inicial da atividade é a proposição do envolvimento dos alunos em atividades que falem a respeito da construção de identidades (do município, da Escola, do ser gaúcho), com suporte nas fotos utilizadas nas atividades anteriores. Entretanto, por se tratarem de alunos maiores, tomei a liberdade de alterar o viés argumentativo, por assim dizer, solicitando-lhes que falassem espontaneamente acerca das experiências e identificações pessoais construídas em suas participações nas saídas a campo realizadas no transcorrer deste ano letivo.
Durante as orientações que foram repassadas à eles, enfatizei que  todos pontos que visitamos fazem parte da caracterização topográfica do relevo gaúcho (Serra Gaúcha e Morro Sapucaia), sendo portanto, referenciais identitários em se tratando de prática do turismo regional.
Infelizmente, a localização geográfica de nossa escola prejudica um pouco a questão acústica. Então, como forma de tentar amenizar um pouco esta questão, agreguei ao fundo uma música instrumental (tocada pelos gaúchos Yamandu Costa e Renato Borgheti), enquanto as falas dos alunos vão sendo apresentadas, perpassando-as com algumas fotos  tiradas nas atividades.

Ao final, como o tamanho do vídeo produzido excedeu a capacidade de armazenamento disponibilizado pelo Moodle, precisou ser anexado ao youtube para possibilitar a visualização.



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Divisão, multiplicação e as práticas pedagógicas

Entre as coisas interessantes que as leituras e reflexões da Interdisciplina 071 – Representação do Mundo pela Matemática, vem suscitando, chama minha atenção à negativa de que deva existir uma linearidade do ensino das quatro operações, limitando-as à determinadas anos letivos ou ainda, faixa-etárias, pois como defende Gurgel (2016), “a ideia defendida por especialistas de renome é buscar cada vez mais evidenciar as relações existentes entre as operações, mesmo antes da sistematização de seus algoritmos.
Partindo do princípio de que a resolução de uma operação não se resume a saber como se faz o algoritmo, dando vazão ao início dos registros escritos e de que, não são as memorizações de fatos, regras e simbologias que propiciam aos alunos as bases formais para a aprendizagem, faz-se fundamental que, em meio ao processo, o professor tenha sempre em mente que não há como dissociar a adição da subtração, tal como não é possível separar a multiplicação da divisão. Dizendo de outra forma: não existe um caminho único para a solução de problemas matemáticos.
Embora eu seja inexperiente neste tipo de abordagem de ensino, foi possível compreender a partir das leituras que realizei que, quanto mais tipos de problemas os alunos conhecerem, mais se sentirem desafiados à ampliarem o leque de estratégias para as resoluções, mais ampliarão sua visão, suas compreensões quanto às sistematizações possíveis para a solução. 
Ainda que não se deem por conta, as crianças já resolvem divisões e multiplicações simplificadas e acho que é justamente neste estímulo à abstração que reside o sucesso das primeiras investidas com relação ao ensino de multiplicações e divisões, para que ocorra de forma autônoma, ou seja, que os alunos deem-se por conta das ideias que estão por trás do concreto.
Levando em consideração que três conceitos são fundamentais no campo multiplicativo: a proporcionalidade, a organização regular e a análise combinatória, penso que o trabalho inicial deveria se pautar justamente no desenvolvimento destas noções. 
No que se refere a proporcionalidade, ou a relação entre duas variáveis, penso que seria interessante levar uma balança e pedir que os alunos levassem frutas da estação para a Escola. Em seguida, coletivamente, os alimentos receberiam valores por quilo/unidade. Depois, os alunos fariam “compras”, pesando as frutas e na sequência, analisariam as relações do gênero: “Se uma quilo de maçã custa R$ 8,00 e minhas compras representaram 500 gramas, gastei R$ 4,00 para pagá-las. Portanto, paguei a metade do valor porque comprei a metade de um quilo.” Para finalizar, ainda podemos fazer uma salada de fruta bem gostosa!
Em se tratando de organização regular, penso que a maneira mais efetiva para se trabalhar este conceito seja a utilização de material dourado, materiais recicláveis (tampinhas de garrafa, canudinhos, palitos de picolé, etc) pois, antes de mais nada, é importante que o aluno visualize as possibilidades de agrupamentos e as explore em todas as suas extensões, primeiramente com objetos paupáveis, para somente depois, seguir para a abstração das quantidades. 
Entre os três conceitos, penso que o mais simples de se trabalhar seja justamente a análise combinatória, dada a sua amplitude de abordagens. Inicialmente,pode-se pedir as crianças que tragam roupas e calçados que já não usam mais para a sala de aula e com elas, façam prováveis combinações de utilização. (O interessante desta atividade é que estas roupas podem ser doadas na sequência, despertando nos alunos noções de altruísmo e solidariedade) Recortes de folders de lojas que vende de roupas podem ser de grande valia nesta atividade. Objetos sequenciados por cor, tamanho, textura, peso, etc, também podem ser muito contributivos para o desenvolvimento de análises combinatórias.



REFERÊNCIAS

FELZETTA. Ricardo. É hora de ensinar proporção. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/hora-ensinar-proporcao-fala-mestre-terezinha-nunes-428131.shtml, acessado em 27 de novembro de 2016.

GURGEL. Thais. Multiplicação e divisão já nas séries iniciais. Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/matematica/fundamentos/multiplicacao-divisao-ja-series-iniciais-500495.shtmlacessado em 27 de novembro de 2016.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Saída a Campo - Museu do Trem




            Estamos trabalhando sobre a constituição do espaço social sulista e como a Interdisciplina de Representação do Mundo pelos Estudos Sociais nos propôs a realização de Saídas a campo como didática de ensino, dada a sua validade como prática pedagógica (que particularmente, eu adoro!), resolvi levar uma de minhas turmas de 7o Ano para visitar o Museu do Trem localizado geograficamente próximo à nossa Escola. 

Todavia, ao percorrermos o caminho, todos deveriam atentar para aspectos antropológicos na constituição espacial dos arredores de nossa Escola, sobretudo, aqueles que lembrassem poluição de ordem hídrica, sonora ou áudio-visual, registrando seus apontamentos de forma escrita ou ainda, sob a forma, de fotografias. 
Foi muito interessante porque apesar de se tratarem de espaços comuns ao seu cotidiano, raramente se tem tempo para observá-los detalhadamente, 

Desta forma, era comum perceber a indignação dos alunos com relação às pixações e depredações aos mobiliários urbanos, ao passo que íamos percorrendo nosso caminho.

Alguns diziam que era descaso por parte da administração pública, outros, da população. Já haviam os que defendiam que as pixações deveriam ser compreendidas como uma forma de expressão que as pessoas se utilizavam para expressar seus pontos de vista. Polêmicas à parte, procurei não intervir nos debates, deixando-os esboçarem e defenderem seus pontos de vista sobre as observações que iam realizando.
Todavia, há que se dizer que a riqueza argumentativa foi muito frutífera!
Chegando ao Museu do Trem, os guias nos aguardavam, pois os havia contatado com antecedência. Ambos com formação acadêmica em História e muito atenciosos, dividiram a turma em dois grupos de 15 alunos cada, onde cada uma de nós, professoras, ficamos responsáveis pelos acompanhamentos.
Enquanto um grupo iniciou a visitação pela parte externa, pelas locomotivas e vagões em exposição, o outro grupo acompanhou o guia na parte interna, visitando as instalações da antiga estação ferroviária de São Leopoldo, onde além de se informarem de aspectos históricos, também puderam observar objetos pessoais ou que fizeram parte desta história. Abaixo, neste pequeno vídeo, há um extrato destas explicações, ministradas por um dos guias:


Como dito anteriormente, quando pairamos pausadamente o nosso olhar sobre o cotidano, observamos que cada coisa, espaço, detalhe é, antes de mais nada a comprovação de existência temporal, de histórias que confluem-se com o cotidiano, tendemos a nos compreender importantes neste processo, justamente porque, mesmo que de forma indireta, estamos influenciando para a continuidade desta história.
Muitos dos alunos que participaram da atividade, conheciam apenas as imediações do Museu do Trem, nunca tinham o visto internamente, tampouco, sabiam da importância que representa para o passado da própria estrutura hoje representada em partes pela Trensurb.

 

       

Para mais informações, acesse: