Após assistir o filme e o vídeo encaminhados pela Interdisciplina Escola, Cultura e Sociedade: Uma abordagem sociocultural e antropológica, realizei os seguintes apontamentos:
Filme: NARRADORES DE JAVÉ – APONTAMENTOS
PESSOAIS
-
Preconceito: A mãe que resolve ler
depois de idosa e é repreendida pelo filho porque já está velha para isso.
- A Construção de uma represa no
povoado, força a população abandonar o lugar em nome do progresso. A única
forma de reverter o fato, é determinar um patrimônio local para evitar a evitar
a inundação.
- Caráter
hereditário das tradições: é preciso traduzir para a escrita, com validação
científica as histórias sabidas para que sejam consideradas patrimônio local.
Antônio Biá, carteiro local, lançando mão de sua esperteza para que o correio local
não fechasse, foi expulso de Javé para não voltar mais ao povoado. Agora, era
necessário que ele voltasse a escrever para registrar as histórias do povo, uma
espécie de dossiê, englobando as histórias de todos, como forma de se retratar
pelos boatos que havia criado no passado. Para saber destas histórias, Biá terá
de ouvir as pessoas, transcrevendo-as de forma organizada para que se consiga
compreender a pleno as narrativas. O “livro
da salvação das lembranças Javéicas”, uma odisséia.
- Pai de Tereza, Seu Vicentino Indalécio
da Rocha– Retrato de São Jorge e uma
garrucha. Indalécio, fundador de Javé, usou a garrucha, de que Vicentino é
descendente. Ele quem guiou os fundadores,
expulsos por Portugal, até o local onde a cidadezinha começou. Trouxeram
consigo o sino, a coisa mais sagrada que possuíam. (RELIGIOSIDADE). “Uma coisa
é o fato acontecido. Outra coisa é o fato escrito. O acontecido tem de ser
melhorado no escrito de foma melhor para que o povo creia no acontecido” (00:29
h - Antônio Biá)
- Ditados
populares, linguagem popular. “Habeas Corpus confundido com Corpus Christ” “inteligência
patagônica”
- Diodora – É das “regras da escritura e
eu preciso dar grafias às suas epopeias”. Javé surgiu de pessoas que estavam se
retirando de uma guerra contra a coroa. Maria Dina, uma mulher de bravura e
lutadora estava entre essas pessoas. Teria sido ela a encontrar o lugar ideal para
“cantar as divisas” de Javé, quando da morte de Idalécio. É feito uma roda de conversa.
- Gêmeos Benerê - “Uma terra vale pelo que produz, mas pode valer
ainda mais pelo que esconde”. É na terra
deles que está enterrado Indalécio e os restos de suas armas. Filhos de Margarida com Cosme, que traiu seu
irmão Damião.
- Daniel, filho de Isaias – cultiva o
lugar onde o pai residia, que faleceu por amar demais Santinha. Daniel conta da
perda de seus medo de uma única vez, quando era criança e o pai matou um homem
em sua frente. “Desta casa, eu só saio morto” (Daniel, 00:22 h)
- Músicas
folclóricas de origem africana, sanfonas e rabecas tocando baião ilustram a
trilha sonora da produção.
- Conversas com descendentes de
africanos que falam suas línguas pátrias -
“nossa gente foi trazida para cá, para esta parte da África, o Brasil,
uma grande aldeia dentro da África”. Esse povo, também seguia Indalécio, que
pra eles, era INDALEU (neste momento, o Pai Cariá, chefe desta tribo tem uma
lembrança orquestrada ao som de batuques africanos, com rituais e danças). Para
eles, a Maria Dina era “oxum”, uma divindidade que mostrava os caminhos.
- Antonio Biá tem mania de escrever frases nas paredes de sua
casa, como os primatas, culturalmente faziam em suas cavernas, ele se auto
descreve como “escrivão de prosa”.
- As pessoas de Javé ficam apavorados
com a chegada dos engenheiros, agrimensores
e uma pessoa a quem chamam de “Gaudério”.
Então, iniciam novenas para interceder pela causa, fato que os engenheiros veem
com curiosidade e resolvem retratar em vídeo. Então, as pessoa se utilizam
deste momento para fazer seus relatos pessoais, manifestando suas histórias de
ligação com o local, de forma muito emocionada. A sequência é cortada pelo som
de um tiro da arma de Daniel, que aparece das sombras.
- A população, os engenheiros, procuram
acalmar Daniel. Mas no dia seguinte, as primeiras pessoas começam a se mudar do
local, indo para a casa de parentes. A população é chamada para a igreja (RELIGIOSIDADE). Quem está tocando o
sino, é Cirilo (um antigo morador que hoje mora nas cavernas, nos arredores da
cidade), que começa a profetizar sobre a inundação do lugar. Nisso, chega
Zaqueu, que teve a ideia inicial do dossiê e o cobra de Biá.
- A noite, no armazém, toda a população
se reúne para ouvir as narrativas descritas por Biá, mas ele manda o livro em
branco, acompanhado de um bilhete se
exonerando de seu posto. Enfurecida, a população sai em busca do relator até
encontrá-lo.
- O fato de que a represa está sendo
construída é muito maior do que as história do povo, na opinião de Biá, que
novamente é expulso do lugar. Descrente da única ideia que tinham, as águas foram
tomando conta do povoado, retirando a população local a revelia de suas
histórias e construções. Uma das cenas marcantes é o povo retirante, levando
consigo o mesmo sino que estava no início da história do povoado, levando
consigo o pouco dos pertences que lhes sobraram.
VISTA
MINHA PELE – Apontamentos Pessoais
- Quando um grupo social se coloca numa
posição superior, acaba impondo aos demais a sua visão das coisas.
Utilizando-se de criatividade, o filme nos traz uma reflexão acerca do preconceitos, estigmas e pessoas “outsider”.
Tirando a cor da pele, os cabelos, o que se percebe é uma adolescente comum,
sonhadora cuja família, acostumada ao preconceito, lhe auxilia a criar “anticorpos”
para lidar com situações que evidenciem esta prática no cotidiano.
-
As questões raciais e sociais que são relatadas nos permitem refletir acerca de nossa própria realidade, como nos relacionamos uns com os outros em
nosso cotidiano vital, vestindo a pele da personagem central em muitas
situações que vão configurando a história.
Referências:
ARAÚJO, J.Z. (direção). Vista minha pele. Casa de Criação: 2003, duração 00:26:45 h (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM, acessado em 08/06/15)
CAFFÉ. E. (direção), ABREU. L.A. (direção). Narradores de Javé. 2003. duração 01:42 h (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8, acessado em 08/06/15)
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