domingo, 7 de junho de 2015

"Narradores de Javé" e "Vista a minha Pele": Apontamentos pessoais



         Após assistir o filme e o vídeo encaminhados pela Interdisciplina Escola, Cultura e Sociedade: Uma abordagem sociocultural e antropológica, realizei os seguintes apontamentos:


Filme: NARRADORES DE JAVÉ – APONTAMENTOS PESSOAIS

- Preconceito: A mãe que resolve ler depois de idosa e é repreendida pelo filho porque já está velha para isso.
- A Construção de uma represa no povoado, força a população abandonar o lugar em nome do progresso. A única forma de reverter o fato, é determinar um patrimônio local para evitar a evitar a inundação.  
- Caráter hereditário das tradições: é preciso traduzir para a escrita, com validação científica as histórias sabidas para que sejam consideradas patrimônio local. Antônio Biá, carteiro local, lançando mão de sua esperteza para que o correio local não fechasse, foi expulso de Javé para não voltar mais ao povoado. Agora, era necessário que ele voltasse a escrever para registrar as histórias do povo, uma espécie de dossiê, englobando as histórias de todos, como forma de se retratar pelos boatos que havia criado no passado. Para saber destas histórias, Biá terá de ouvir as pessoas, transcrevendo-as de forma organizada para que se consiga compreender a pleno as narrativas.  O “livro da salvação das lembranças Javéicas”, uma odisséia.
- Pai de Tereza, Seu Vicentino Indalécio da Rocha– Retrato de São Jorge  e uma garrucha. Indalécio, fundador de Javé, usou a garrucha, de que Vicentino é descendente.  Ele quem guiou os fundadores, expulsos por Portugal, até o local onde a cidadezinha começou. Trouxeram consigo o sino, a coisa mais sagrada que possuíam. (RELIGIOSIDADE).  “Uma coisa é o fato acontecido. Outra coisa é o fato escrito. O acontecido tem de ser melhorado no escrito de foma melhor para que o povo creia no acontecido” (00:29 h - Antônio Biá)
- Ditados populares, linguagem popular. “Habeas Corpus confundido com Corpus Christ” “inteligência patagônica”
- Diodora – É das “regras da escritura e eu preciso dar grafias às suas epopeias”. Javé surgiu de pessoas que estavam se retirando de uma guerra contra a coroa. Maria Dina, uma mulher de bravura e lutadora estava entre essas pessoas. Teria sido ela a encontrar o lugar ideal para “cantar as divisas” de Javé, quando da morte de Idalécio.  É feito uma roda de conversa.
- Gêmeos Benerê -  “Uma terra vale pelo que produz, mas pode valer ainda mais pelo que esconde”.  É na terra deles que está enterrado Indalécio e os restos de suas armas.  Filhos de Margarida com Cosme, que traiu seu irmão Damião.
- Daniel, filho de Isaias – cultiva o lugar onde o pai residia, que faleceu por amar demais Santinha. Daniel conta da perda de seus medo de uma única vez, quando era criança e o pai matou um homem em sua frente. “Desta casa, eu só saio morto” (Daniel, 00:22 h)
- Músicas folclóricas de origem africana, sanfonas e rabecas tocando baião ilustram a trilha sonora da produção.
- Conversas com descendentes de africanos que falam suas línguas pátrias -  “nossa gente foi trazida para cá, para esta parte da África, o Brasil, uma grande aldeia dentro da África”. Esse povo, também seguia Indalécio, que pra eles, era INDALEU (neste momento, o Pai Cariá, chefe desta tribo tem uma lembrança orquestrada ao som de batuques africanos, com rituais e danças). Para eles, a Maria Dina era “oxum”, uma divindidade que mostrava os caminhos.
- Antonio Biá tem mania de escrever frases nas paredes de sua casa, como os primatas, culturalmente faziam em suas cavernas, ele se auto descreve como “escrivão de prosa”.
- As pessoas de Javé ficam apavorados com a chegada dos engenheiros,  agrimensores  e uma pessoa a quem chamam de “Gaudério”. Então, iniciam novenas para interceder pela causa, fato que os engenheiros veem com curiosidade e resolvem retratar em vídeo. Então, as pessoa se utilizam deste momento para fazer seus relatos pessoais, manifestando suas histórias de ligação com o local, de forma muito emocionada. A sequência é cortada pelo som de um tiro da arma de Daniel, que aparece das sombras.
- A população, os engenheiros, procuram acalmar Daniel. Mas no dia seguinte, as primeiras pessoas começam a se mudar do local, indo para a casa de parentes. A população é chamada para a igreja (RELIGIOSIDADE). Quem está tocando o sino, é Cirilo (um antigo morador que hoje mora nas cavernas, nos arredores da cidade), que começa a profetizar sobre a inundação do lugar. Nisso, chega Zaqueu, que teve a ideia inicial do dossiê e o cobra de Biá.
- A noite, no armazém, toda a população se reúne para ouvir as narrativas descritas por Biá, mas ele manda o livro em branco,  acompanhado de um bilhete se exonerando de seu posto. Enfurecida, a população sai em busca do relator até encontrá-lo.
- O fato de que a represa está sendo construída é muito maior do que as história do povo, na opinião de Biá, que novamente é expulso do lugar. Descrente da única ideia que tinham, as águas foram tomando conta do povoado, retirando a população local a revelia de suas histórias e construções. Uma das cenas marcantes é o povo retirante, levando consigo o mesmo sino que estava no início da história do povoado, levando consigo o pouco dos pertences que lhes sobraram.



VISTA MINHA PELE – Apontamentos Pessoais

- Quando um grupo social se coloca numa posição superior, acaba impondo aos demais a sua visão das coisas. Utilizando-se de criatividade, o filme nos traz uma reflexão acerca do preconceitos, estigmas e pessoas “outsider”. Tirando a cor da pele, os cabelos, o que se percebe é uma adolescente comum, sonhadora cuja família, acostumada ao preconceito, lhe auxilia a criar “anticorpos” para lidar com situações que evidenciem esta prática no cotidiano.
- As questões raciais e sociais que são relatadas nos permitem refletir acerca de nossa própria realidade, como nos relacionamos uns com os outros em nosso cotidiano vital, vestindo a pele da personagem central em muitas situações que vão configurando a história.





Referências:

ARAÚJO, J.Z. (direção).  Vista minha pele. Casa de Criação: 2003, duração 00:26:45 h (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM, acessado em 08/06/15)

CAFFÉ. E. (direção), ABREU. L.A. (direção). Narradores de Javé. 2003. duração 01:42 h (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8, acessado em 08/06/15)


Nenhum comentário:

Postar um comentário