A percepção da corporeidade como potencial a
desenvolver na relação cérebro/mente
“Por milhões de anos, o
cérebro e o corpo humano evoluíram para enfrentar desafios mais complexos.
Aprendemos a manipular
ferramentas.
Fizemos uso total do
sentido visual e desenvolvemos uma potente memória.
Mais recentemente,
dominamos a linguagem, uma forma mais eficiente do trato social.
Já podemos construir uma
imagem detalhada do cérebro evoluído onde o cerebelo é responsável pelos
movimentos automáticos.
No cérebro há até um local
especial para a linguagem e outro para as aptidões sociais.
Mas ainda falta algo neste
mapa: é a misteriosa coisa que os faz de você ser o que é, e eu ser o que sou.
Os cientistas a chamam de
consciência.”
(BBC: O corpo Humano – O Poder do Cérebro)
Assim como os estudos
científicos dão prova de que a consciência e capacidades mais refinadas do
cérebro humano como memória, percepção e emoções encontram-se formidavelmente
interligadas, singularizando este órgão humano muito além de um mero aglomerado
de células cinzas e eletricidade, é importante que a Escola passe a perceber o
aluno como um sujeito em construção, dotado de intencionalidade, desejos,
sentidos, emoções, movimentos corporais e criatividade.
O processo educativo, visto sobre o viés
social, requer do professor uma postura concatenada às práticas e métodos de ensino-aprendizagem
baseadas na utilização de tecnologias educacionais contemporâneas, que vislumbrem
a mente humana além de suas capacidadade de síntese e organização de
conhecimentos.
Neste sentido, o processo de
ensino-aprendizagem passa a evidenciar outras necessidades que perpassam pelas
explicações acerca das posturas comportamentais e emocionais do aluno, como
este processa suas decisões perante as diferentes situações vivenciadas em sala
de aula. Este caráter inovador, exige que o professor esteja disposto a
repensar suas didáticas de ensino, flexibilize suas próprias formas de pensar e
agir, indo além de sua formação cultural baseada na leitura de livros, revistas
e jornais.
Parafraseando Zaro, Rosat et al.
(2010), quando afirmam que “um quadro de múltiplas necessidades estruturam a
realidade ecologica educacional contemporânea”, vê-se que nos dias atuais, a
evolução dos meios de comunicação e a velocidade das informações mediadas,
sobretudo, pela internet, propõe mudanças nas formas de percepção, inclusive
produzindo novos padrões culturais, cujas existências não podem ser subjugadas,
ou mesmo, ignoradas pelo fazer pedagógico. Analisando o advento destas novas
tecnologias e sua influência social, Menezes (1999) afirma que:
“(...) cada produto que molda uma
sociedade acaba por transpirar em todos e por todos os seus sentidos (...)
Hoje, observamos diferentes formas de convivência com os meios de comunicação.
Muitos brasileiros ainda não chegaram ao livro, e por isso, não conseguem
elaborar um discurso com certa ordem e coerência. Outros apenas lêem o
necessário para sobreviver, mas convivem com a televisão desde do berço. Outros
já vão diretamente para o mundo da multimídia e das grandes infovias da
internet. Nossas salas de aula, fazem parte desta mistura de experiências.
A avalanche informarcional que
caracteriza a sociedade global, propagada pela modernidade, traz consigo a
necessidade de compreender o aluno além de sua capacidade de “armazenar
informações”, denotando-lhe um ensino depositário e ignorando quase que por
completo a importância do desenvolvimento de suas percepções no que tange à
corporeidade, pois, “assim como não há retorno possível do ser humano ao mundo
do telégrafo sem fio, também não é plausível supor que os processos de
ensino-aprendizagem voltem a depender apenas de uma boa teoria, ou de um bom
quadro-negro, mesmo que estejam integrados a um bom fundamento
neurocientífico” (Zaro, Rosat et all,
2010, p. 206)
Trata-se de um grande desafio
esta construção dialógica entre metodologias de pesquisa e as diversas
epistemologias que cerceiam a realidade social, uma vez que ainda são poucos os
estudos neurocientíficos que debruçam esforços na tentativa de explicar como o
ser humano deveria ser ensinado, quais são as formas que melhor contribuem para
a maximização de seu aprendizado.
A complexidade do corpo humano
e suas reações tem denotado significativa
gama de esforços científicos vislumbrando a sua compreensão, desde os tempos
mais remotos até os dias atuais.
Não obstante, os estudos
neurocientíficos, vem tentando compreender os milagres intrínsecos do corpo
humano, à luz da evolução das faculdades cerebrais, uma vez que os pensamentos
e atitudes nada mais são que produtos da integração perfeita de sucessivas
reações químicas entre os neurônios que o constituem.
Todavia, todos estes esforços
também devem ecoar no processo de ensino-aprendizagens, pois conforme apontam
recentes estudos neuroeducativos realizados por Tokuhama-Espinosa e analisados
por Zaro, Rosat et al. (2010), é possível perceber que:
“a) Cada cérebro é único e unicamente
organizado;
b) Cérebros são especializados e não são
igualmente bons em tudo;
c) O cérebro é um sistema complexo,
dinâmico e em modificação diária, pelas experiências (...)
r) Aprendizagem recruta a fisiologia
completa (o corpo impacta o cérebro e o cérebro controla o corpo);”
Ou seja, o professor precisa
orientar suas prática pedagógicas de forma a estimular o educando a aprender,
buscar instruí-lo para que consiga assimilar as informações de forma que se
traduzam em conhecimentos significativos e críticos. É fundamental que passe a
enxergar o aluno como sujeito co-participativo e não mais depositário no
processo educativo.
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