domingo, 14 de junho de 2015

A corporeidade: relação cérebro e mente


A percepção da corporeidade como potencial a desenvolver na relação cérebro/mente


“Por milhões de anos, o cérebro e o corpo humano evoluíram para enfrentar desafios mais complexos.
Aprendemos a manipular ferramentas.
Fizemos uso total do sentido visual e desenvolvemos uma potente memória.
Mais recentemente, dominamos a linguagem, uma forma mais eficiente do trato social.
Já podemos construir uma imagem detalhada do cérebro evoluído onde o cerebelo é responsável pelos movimentos automáticos.
No cérebro há até um local especial para a linguagem e outro para as aptidões sociais.
Mas ainda falta algo neste mapa: é a misteriosa coisa que os faz de você ser o que é, e eu ser o que sou.
Os cientistas a chamam de consciência.”
(BBC: O corpo Humano – O Poder do Cérebro)


Assim como os estudos científicos dão prova de que a consciência e capacidades mais refinadas do cérebro humano como memória, percepção e emoções encontram-se formidavelmente interligadas, singularizando este órgão humano muito além de um mero aglomerado de células cinzas e eletricidade, é importante que a Escola passe a perceber o aluno como um sujeito em construção, dotado de intencionalidade, desejos, sentidos, emoções, movimentos corporais e criatividade.
 O processo educativo, visto sobre o viés social, requer do professor uma postura concatenada às  práticas e métodos de ensino-aprendizagem baseadas na utilização de tecnologias educacionais contemporâneas, que vislumbrem a mente humana além de suas capacidadade de síntese e organização de conhecimentos.
Neste sentido, o processo de ensino-aprendizagem passa a evidenciar outras necessidades que perpassam pelas explicações acerca das posturas comportamentais e emocionais do aluno, como este processa suas decisões perante as diferentes situações vivenciadas em sala de aula. Este caráter inovador, exige que o professor esteja disposto a repensar suas didáticas de ensino, flexibilize suas próprias formas de pensar e agir, indo além de sua formação cultural baseada na leitura de livros, revistas e jornais.
Parafraseando Zaro, Rosat et al. (2010), quando afirmam que “um quadro de múltiplas necessidades estruturam a realidade ecologica educacional contemporânea”, vê-se que nos dias atuais, a evolução dos meios de comunicação e a velocidade das informações mediadas, sobretudo, pela internet, propõe mudanças nas formas de percepção, inclusive produzindo novos padrões culturais, cujas existências não podem ser subjugadas, ou mesmo, ignoradas pelo fazer pedagógico. Analisando o advento destas novas tecnologias e sua influência social, Menezes (1999) afirma que:

“(...) cada produto que molda uma sociedade acaba por transpirar em todos e por todos os seus sentidos (...) Hoje, observamos diferentes formas de convivência com os meios de comunicação. Muitos brasileiros ainda não chegaram ao livro, e por isso, não conseguem elaborar um discurso com certa ordem e coerência. Outros apenas lêem o necessário para sobreviver, mas convivem com a televisão desde do berço. Outros já vão diretamente para o mundo da multimídia e das grandes infovias da internet. Nossas salas de aula, fazem parte desta mistura de experiências.

A avalanche informarcional que caracteriza a sociedade global, propagada pela modernidade, traz consigo a necessidade de compreender o aluno além de sua capacidade de “armazenar informações”, denotando-lhe um ensino depositário e ignorando quase que por completo a importância do desenvolvimento de suas percepções no que tange à corporeidade, pois, “assim como não há retorno possível do ser humano ao mundo do telégrafo sem fio, também não é plausível supor que os processos de ensino-aprendizagem voltem a depender apenas de uma boa teoria, ou de um bom quadro-negro, mesmo que estejam integrados a um bom fundamento neurocientífico”  (Zaro, Rosat et all, 2010, p. 206)
Trata-se de um grande desafio esta construção dialógica entre metodologias de pesquisa e as diversas epistemologias que cerceiam a realidade social, uma vez que ainda são poucos os estudos neurocientíficos que debruçam esforços na tentativa de explicar como o ser humano deveria ser ensinado, quais são as formas que melhor contribuem para a maximização de seu aprendizado.
A complexidade do corpo humano e suas reações tem denotado  significativa gama de esforços científicos vislumbrando a sua compreensão, desde os tempos mais remotos até os dias atuais.
Não obstante, os estudos neurocientíficos, vem tentando compreender os milagres intrínsecos do corpo humano, à luz da evolução das faculdades cerebrais, uma vez que os pensamentos e atitudes nada mais são que produtos da integração perfeita de sucessivas reações químicas entre os neurônios que o constituem.
Todavia, todos estes esforços também devem ecoar no processo de ensino-aprendizagens, pois conforme apontam recentes estudos neuroeducativos realizados por Tokuhama-Espinosa e analisados por Zaro, Rosat et al. (2010), é possível perceber que:

“a) Cada cérebro é único e unicamente organizado;
b) Cérebros são especializados e não são igualmente bons em tudo;
c) O cérebro é um sistema complexo, dinâmico e em modificação diária, pelas experiências (...)
r) Aprendizagem recruta a fisiologia completa (o corpo impacta o cérebro e o cérebro controla o corpo);”

Ou seja, o professor precisa orientar suas prática pedagógicas de forma a estimular o educando a aprender, buscar instruí-lo para que consiga assimilar as informações de forma que se traduzam em conhecimentos significativos e críticos. É fundamental que passe a enxergar o aluno como sujeito co-participativo e não mais depositário no processo educativo.






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