Práticas
educacionais e relações de poder: o Projeto Político Pedagógico
“As escolas-fábricas, a publicidade, o condicionamento de
qualquer Ordem, ajuda com solicitude a criança, o
adolescente,
o adulto a obter lugar na grande família dos consumidores.”
(VANEIGEM, 1974, p. 149)
Esboçando pensamentos acerca
das táticas mercadológicas do sistema capitalista de produção, Vanegeim chama
atenção ao caráter irrestrito da cultura e as formas como esta se reinventa na
vida cotidiana moderna. Questiona o caráter intencional das ideologias
propagadas reprodutivamente, as quais propõem uma mesma compreensão de mundo, a
partir da “cultura dominante” imposta a sociedade de consumo.
Se analisarmos o Projeto
Político Pedagógico de nossa Escola, sob esta perspectiva, percebemos que o
mesmo deve ser concebido como expressão coletiva coerente, demandada da relação
efetiva entre teoria e prática, pois conforme afirma o próprio autor:
(...) mesmo quando é
necessário um líder no jogo, o seu poder de decisão nunca é exercido às custas
do poder autônomo de cada indivíduo. Ao contrário, ele concentra a vontade de
cada indivíduo, a duplicata coletiva de cada desejo particular. O projeto de
participação implica portanto uma coerência tal que as decisões de cada um
sejam as decisões de todos. (VANEIGEM, 1974, p. 174)
Em outra palavras, ao passo
que o Projeto Político Pedagógico é visto como articulador principal dos meios
e fins a que se destina a educação escolar, é importante que seja elaborado
democraticamente com base na realidade sóciocultural, econômica e política, as
quais, singularizam nossa instituição em relação as demais.
Como
uma das caracteríticas fundamentais deste documento é justamente sua
readaptação contínua ao passo que a Escola se defronta com novos paradigmas,
penso que nossa Escola tem rendido importantes esforços neste sentido, através
das reuniões pedagógicas que são organizadas para este fim.
Em
minha opinião, é importante que a Escola esteja atenta ao seu papel social e as
significativas contribuições que lhe competem na formação de cidadãos
pro-ativos, pois de nada adianta apenas questionar as realidades sociais com
vistas a imparcialidade, sem ingerência ativa.
É
fundamental que o Projeto Político Pedagógico se traduza em prática por parte
do coletivo escolar, seja um projeto de participação real e efetiva, embasado
em ações estrategicamente constituídas, desfragmentadas e transparentes.
Todos os dias, enfrentamos o desafios de administrar um ensino-aprendizagem de forma terna e emocionante, pois é sabido que a produção do conhecimento só acontece verdadeiramente quando aliado a mobilizações emocionais.
Estas experiências empíricas e de saberes múltiplos exigem que a prática pedagógica vá além do ensinar por ensinar. Prescinde a existência de um processo comunicacional, que renegue por completo o comodismo e dê-se por conta do entrelaçamento existente entre razão e emoção, uma vez que, é esta última capacidade que nos distingue em relação aos outros seres vivos.
Não é uma tarefa fácil fazer com que o aluno dê-se por conta de que o conhecimento advém das práticas sociais cotidianas, que apenas está organizado cientificamente para dar vazão didática aos ensinamentos ministrados pela Escola. Todavia, todas as metodologias de ensino que não estejam de acordo com esta premissa, tendem a estar destinadas ao fracasso, justamente porque aqueles alunos "depositários" inexistem em nossa sociedade atual e uma vez que sejam tratados de tal forma, passam a rejeitar o processo, o conhecimento, constroem uma especie de escudo protetor, refratário à informação, ao fluxo de significados.
Não há dúvidas de que apenas as metodologias de ensino-aprendizagem baseadas no desenvolvimento autopoiético (proposição de atividades que visem a auto descoberta das capacidades de cada aluno, onde vê-se um ser produtivo, tanto de conhecimento, quanto de si mesmo) são aquelas que apresentam maior eficácias, justamente porque optam por deixar de ser algo ligado à representação do já existente, passando a promover enação, articulando corpo e mente.
Há a eminência do agravamento de um quadro de asma, que mesmo em meio a medicação, tem roubado minhas noites de sono...
Não tenho mais minha segunda-feira para realizar as coisas de casa, planejar aulas, corrigir coisas da Escola, organizar materiais para as minhas aulas semanais porque tenho as devotado exclusivamente para a realização da UFRGS! Isso tem me custado o abandono de muitas coisas, inclusive do convívio familiar... é o que eu quero pra mim?! Até que ponto está REALMENTE valendo a pena?!
Me sento para ler um texto sobre Corporeidade, em data disponível motivada por atestado médico... como falar de corpo e sua importância, se o meu corpo clama por atenção, cuidados e zelo?!? Como faço para ministrar leituras e histórias fictícias de filmes em meio A MINHA REALIDADE, que urge cuidados?!
Insatisfeita, e furiosa com a pressão das datas, migro para outra na intenção de algo que me pareça menos desgastante...descubro 54 páginas de uma "leiturinha", mais outros três "textinhos" que somados, rendem 21 páginas... tudo para compor textos que serão enviados para alguém que até hoje não retornou dizendo de minhas produções, cujo ostracismo tem me irritado profundamente!
DESISTO? COMEÇO FAZER "COISINHAS QUAISQUER NOTAS?! TERCEIRIZO MINHA OPINIÃO?! PLAGIO COISAS QUE NÃO SÃO MINHAS?! DESISTO?! DESISTO?! DESISTO?!
Outra coisa que sinceramente, odeio, tenho extrema dificuldade de lidar: Frases no imperativo!!
Cara, EU SOU PROFESSORA!!!!!!!!! Acho que já tenho um pouquinho de noção de como se faz a coisa toda e quanto isso me custa, o quanto de minha prática é válida, o quanto o aluno e suas realidades me são importantes, do quanto eles precisam de minha dedicação!!!
DESISTAAA, IVONETE!!! DESISTA!! Ou então, faz como tantos outros...continua mentindo pra ,si validando com palavras bonitas e acreditando na futura e prometidíssima esperança de melhoras, ainda que essa promessa te seja companheira desde teu inicial abrir dos olhos!
Definitivamente, acho que o futuro tem fuso horário próprio, porque nunca chegou na data marcada!!!!
Segue abaixo a descrição da fala do Professor Fernando Becker sobre sua co-participação na escrita do livro “ Ser professor e ser pesquisador”. (Fernando Becker é professor de Psicologia da Educação – Faced/UFRGS) "Este livro busca a fundamentação epistemológica na epistemologia
genética piagetiana onde o conhecimento é resultado de uma construção do
sujeito. Quando falamos em construção, não se pode pensar neste apenas enquanto
conteúdo, mas sobretudo, construção do conhecimento enquanto estrutura que se
pode traduzir por capacidade, por competência do sujeito. Construir o
conhecimento, significa construir capacidades. A capacidade que quando criança
era pequena vai se desenvolvendo, evoluindo até atingir as capacidade
operatório-formais, as quais vão se desenvolvendo vida adulta a fora.
Outra tese abordada no livro, em decorrência desta tese da epistemologia
genética é a de que o aluno constrói o seu conhecimento, mas não o faz sozinho.
Ele constrói na interação aluno-professor, a qual é fundamental. Quando se fala
de interação em sala de aula entre alunos e professores, nós falamos de interação,
construção do conhecimento, competências do conhecimento, capacidades. É justamente
nesta capacidade que o professor precisa mirar. Ele tem que mirar o trabalho de
escola, de sala de aula como um aumento de capacidade de aprendizagem. Se o
aluno, efetivamente, não apenas não acumula conteúdos, mas desenvolve suas
competências cognitivas, então ele aumenta sua capacidade de aprendizagem e as
ações que o professor deve promover são justamente ações que não apenas se
atenham a transmitir e acumular conteúdos, mas que vá muito além disso e
realmente promova uma expansão das competências ou da capacidade de aprender.
Afinal de contas, o que nós queremos de nosso aluno?
Que ele seja um sujeito pensante, alguém capaz de criar situações
novas, alguém capaz de inventar novas ações, alguém capaz de invenção. A
ciência se faz por invenção. O aluno se apropria do conhecimento na medida em
que ele reinventa o conhecimento para si e nesta reinvenção, ele amplia as suas
capacidades de conhecer.
Talvez em nenhuma época da humanidade, tanto quanto a atual, nós
precisamos expandir a nossa capacidade de aprender.”
Referência
Becker, F. Semana Acadêmica. Apresentando a temática. disponível em https://www.youtube.com/watch?v=SqE4Ln7s14M, acessado em 15/06/15
·A definição
do que é cultura perpassa por diversas áreas do conhecimento. Segundo as
reflexões de Clifford Geertz, não é frutífero considerar generalizadamente o
comportamento humano em categorias universais ou estratificar a visão do homem,
uma vez que a cultura é um conjunto de mecanismos que controlam o
comportamento, é produto histórico-social, onde o ser humano se individualiza
a partir de padrões.
Os sistemas
de controle são transmitidos naturalmente, tendo como principais agentes a
linguagem e universos simbólicos.
Para Britto
García, existem três formas de manifestação de cultura:a cultura oficial
(oficialmente dominante), as subculturas (grupos minoritários, de margem e
periferia) e a contracultura.
A
contracultura se origina de uma subcultura, mas extrapola suas classificações e
campo de reinvidicações, chegando ao limite máximo de incompatibilidade. Não
nega a oficialidade, mas oferece uma alternativa ao mundo, paralela e
incompatível com as demais. Escapa à institucionalização. A contracultura é
avessa à normatividade. O tempo rompe com a linearidade histórica.
Em 1960, a
contracultura da “geração beat” objetivava a produção de uma poesia que
se articulasse diretamente com o que se poderia chamar de vida, em oposição a
uma tecnocracia do Estado e a uma gradual intelectualização das artes.
Em suas reflexões, Claudio Willer e Walter Benjamin, destacam que a contracultura
americana buscava a conciliação entre a justiça social e a liberdade individual,
entre a arte e a vida. Há
um afloramento da memória involuntária: a aura.
Perceber a
aura de uma coisa, significa dotá-la da capacidade de olhar, um fazer poético
sem programa, “fruto do encontro de mentes livres”. Uma proposta enriquecedora
de experiência, contrapondo a história progressista, linear e oficial.
A
contracultura contrapõe-se a tecnocracia, ao modelo daquilo que é estabelecido
como ordem, constituição e progresso, enfrenta batalhas com a esquerda
marxista. A desordem é o que lhe organiza e a desfiliação é seu paradigma.Suas questões são pensadas como que
constituídas por vidas baseadas no afeto, fora da normatividade da tradição.
(Aqui, podemos lançar traços comuns com a Escola Tradicional). Por se tratar de
um movimento de “expansão de consciência”, ou seja, por almejar a mudança
na vida de indivíduos contra a desumanização do capitalismo e a burocratização
do socialismo, buscavam engendrar uma liberdade de invenção de vida, mediadas
pela linguagem. A primeira coisa pra um poeta seria levar um tipo de vida que
não se comprometesse com o sistema.
A propagação
de uma escrita como apagamento ou como gesto de leitura impede a
institucionalização deste modo de fazer poético e em última estância, da vida.
A
contracultura, como tratada por Britto García, será então, aquilo que resiste
ao museu e à tradição e, principalmente, às lógicas autoritárias. Opera
semelhante às memórias subterrâneas: procedem em silêncio à subversão da
memória oficial.Um silêncio que
não é passividade, mas resistência, que não se dá no entanto como uma oposição
à cultura, mas sim, como uma incompatibilidade completa e absoluta aos seus
paradigmas. Se transmuta em esperança contra a era da ansiedade, preparação de
mundo para a libertação anárquica e o renascimento do maravilhoso.
REFERÊNCIAS
RAFAEL, R. D.; RIBEIRO, L. A. Cultura
e contracultura: Felinghetti.Criação
e crítica: São Paulo, n.13, p.127-139, 2014
A percepção da corporeidade como potencial a
desenvolver na relação cérebro/mente
“Por milhões de anos, o
cérebro e o corpo humano evoluíram para enfrentar desafios mais complexos.
Aprendemos a manipular
ferramentas.
Fizemos uso total do
sentido visual e desenvolvemos uma potente memória.
Mais recentemente,
dominamos a linguagem, uma forma mais eficiente do trato social.
Já podemos construir uma
imagem detalhada do cérebro evoluído onde o cerebelo é responsável pelos
movimentos automáticos.
No cérebro há até um local
especial para a linguagem e outro para as aptidões sociais.
Mas ainda falta algo neste
mapa: é a misteriosa coisa que os faz de você ser o que é, e eu ser o que sou.
Os cientistas a chamam de
consciência.”
(BBC: O corpo Humano – O Poder do Cérebro)
Assim como os estudos
científicos dão prova de que a consciência e capacidades mais refinadas do
cérebro humano como memória, percepção e emoções encontram-se formidavelmente
interligadas, singularizando este órgão humano muito além de um mero aglomerado
de células cinzas e eletricidade, é importante que a Escola passe a perceber o
aluno como um sujeito em construção, dotado de intencionalidade, desejos,
sentidos, emoções, movimentos corporais e criatividade.
O processo educativo, visto sobre o viés
social, requer do professor uma postura concatenada às práticas e métodos de ensino-aprendizagem
baseadas na utilização de tecnologias educacionais contemporâneas, que vislumbrem
a mente humana além de suas capacidadade de síntese e organização de
conhecimentos.
Neste sentido, o processo de
ensino-aprendizagem passa a evidenciar outras necessidades que perpassam pelas
explicações acerca das posturas comportamentais e emocionais do aluno, como
este processa suas decisões perante as diferentes situações vivenciadas em sala
de aula. Este caráter inovador, exige que o professor esteja disposto a
repensar suas didáticas de ensino, flexibilize suas próprias formas de pensar e
agir, indo além de sua formação cultural baseada na leitura de livros, revistas
e jornais.
Parafraseando Zaro, Rosat et al.
(2010), quando afirmam que “um quadro de múltiplas necessidades estruturam a
realidade ecologica educacional contemporânea”, vê-se que nos dias atuais, a
evolução dos meios de comunicação e a velocidade das informações mediadas,
sobretudo, pela internet, propõe mudanças nas formas de percepção, inclusive
produzindo novos padrões culturais, cujas existências não podem ser subjugadas,
ou mesmo, ignoradas pelo fazer pedagógico. Analisando o advento destas novas
tecnologias e sua influência social, Menezes (1999) afirma que:
“(...) cada produto que molda uma
sociedade acaba por transpirar em todos e por todos os seus sentidos (...)
Hoje, observamos diferentes formas de convivência com os meios de comunicação.
Muitos brasileiros ainda não chegaram ao livro, e por isso, não conseguem
elaborar um discurso com certa ordem e coerência. Outros apenas lêem o
necessário para sobreviver, mas convivem com a televisão desde do berço. Outros
já vão diretamente para o mundo da multimídia e das grandes infovias da
internet. Nossas salas de aula, fazem parte desta mistura de experiências.
A avalanche informarcional que
caracteriza a sociedade global, propagada pela modernidade, traz consigo a
necessidade de compreender o aluno além de sua capacidade de “armazenar
informações”, denotando-lhe um ensino depositário e ignorando quase que por
completo a importância do desenvolvimento de suas percepções no que tange à
corporeidade, pois, “assim como não há retorno possível do ser humano ao mundo
do telégrafo sem fio, também não é plausível supor que os processos de
ensino-aprendizagem voltem a depender apenas de uma boa teoria, ou de um bom
quadro-negro, mesmo que estejam integrados a um bom fundamento
neurocientífico” (Zaro, Rosat et all,
2010, p. 206)
Trata-se de um grande desafio
esta construção dialógica entre metodologias de pesquisa e as diversas
epistemologias que cerceiam a realidade social, uma vez que ainda são poucos os
estudos neurocientíficos que debruçam esforços na tentativa de explicar como o
ser humano deveria ser ensinado, quais são as formas que melhor contribuem para
a maximização de seu aprendizado.
A complexidade do corpo humano
e suas reações tem denotado significativa
gama de esforços científicos vislumbrando a sua compreensão, desde os tempos
mais remotos até os dias atuais.
Não obstante, os estudos
neurocientíficos, vem tentando compreender os milagres intrínsecos do corpo
humano, à luz da evolução das faculdades cerebrais, uma vez que os pensamentos
e atitudes nada mais são que produtos da integração perfeita de sucessivas
reações químicas entre os neurônios que o constituem.
Todavia, todos estes esforços
também devem ecoar no processo de ensino-aprendizagens, pois conforme apontam
recentes estudos neuroeducativos realizados por Tokuhama-Espinosa e analisados
por Zaro, Rosat et al. (2010), é possível perceber que:
“a) Cada cérebro é único e unicamente
organizado;
b) Cérebros são especializados e não são
igualmente bons em tudo;
c) O cérebro é um sistema complexo,
dinâmico e em modificação diária, pelas experiências (...)
r) Aprendizagem recruta a fisiologia
completa (o corpo impacta o cérebro e o cérebro controla o corpo);”
Ou seja, o professor precisa
orientar suas prática pedagógicas de forma a estimular o educando a aprender,
buscar instruí-lo para que consiga assimilar as informações de forma que se
traduzam em conhecimentos significativos e críticos. É fundamental que passe a
enxergar o aluno como sujeito co-participativo e não mais depositário no
processo educativo.
Compreender o mundo intrínseco é sempre que sempre foi ambicionado pela ciência, principalmente no que se refere ao nosso cérebro, este milagre de nossa evolução!
Um cérebro gasta mais energia para funcionar que qualquer outro membro de nosso corpo. Aristóteles foi o primeiro a pensar sobre como funciona o corpo humano. Nossos neurônios são bloquinhos de construção do cérebro, 100 bilhões de neurônios conectados, mas não fisicamente unidos.
Não é o álcool que nos deixa bêbado. Logo que o álcool entra em nosso corpo, há uma série de sucessivas reações químicas. É um dos subprodutos destas reações, o composto de ácido grasso que na verdade nos embriaga. A perda da capacidade de reação acontece porque o equilíbrio químico é quebrado quando o ácido grasso bloqueia a superfície dos neurônios, atacando partes específicas do cérebro, entre elas, as que controlam a fala, o humor e a memória.
Pensamentos e atitudes advém de produtos químicos e neurônios. São equipes de neurônios atuando em uníssono que proporcionam nossas faculdades. Cada equipe, sediada numa determinada parte do cérebro, assume uma responsabilidade. Como andamos, corremos e pegamos sem pensar, esquecemos de como toda essa precisão é possível.
O cerebelo, o pequeno cérebro se projeta da base do próprio cérebro. É onde são armazenadas todas as práticas que aprendemos. Depois de praticarmos bastante uma técnica, o cerebelo pode assumir automaticamente. Um pensamento a aciona e o cerebelo faz o trabalho, enviando instruções para o resto do corpo, sem que ao menos, estejamos cientes.
A parte inconsciente de nosso cérebro é geralmente mais habilidosa que a parte consciente. A maioria dos mamíferos tem o cerebelo tão desenvolvido quanto o nosso.
Um quarto de nosso enorme cérebro é dedicado à visão, muito mais que a qualquer outro sentido. Quando examinamos nossos olhos, observamos a única parte de nosso cérebro visível ao mundo exterior. O nervo ótico no fundo do olho, é uma extensão direta do cérebro. Percorrendo o nervo ótico, passamos bem pelo meio do cérebro. Atrás da cabeça é aonde chega a informação visual. Os olhos são meras janelas. Na verdade, enxergamos com o cérebro. O olho é apenas a primeira etapa. O cérebro faz a maior parte do trabalho. Nosso cérebro é tão poderoso que nem ligamos para nossa habilidade visual.
Todos os aspectos de uma imagem tem que ser processados em separado pelo cérebro. Nossa evolução permitiu que, além de percebermos o mundo, desenvolvesse-mos meios de moldá-lo.
Quando a evolução nos permitiu que alongássemos o polegar, nos tornamos capazes de fazer um movimento de pinça entre ele e o indicador (os chipanzés não conseguem fazer este movimento). Isso é chamado de polegar oponível e nos permite manipular objetos com grande destreza.
A sensibilidade dos dedos provém das elevações e sulcos em nossos dedos. Essas protuberâncias também nos dão firmeza, especialmente em situações úmidas. Mas o que tem a ver os dedos com o cérebro?
As mãos humanas se destacam na criação de ferramentas e na manipulação de objetos porque se dedicam exclusivamente a apenas uma atividade. Quando o ser humano passou a se locomover em pé, deu as mãos uma grande liberdade e impulsionou drasticamente o nosso cérebro.
Nunca mais fomos os mesmos.
Assim que nosso cérebro ficou maior, aprendeu a classificar as coisas por categorias, inclusive no cotidiano. A capacidade de entender e controlar a natureza foi crucial para a nossa sobrevivência no passado.
Conforme pensamentos são lembrados repetidamente, eles são levados ao córtex, a parte pregueada que envolve a frente do cérebro. É aí que reside nossa memória a longo prazo. Estima-se que uma pessoa normal possa armazenar no cérebro um milhão de itens.
As histórias tiveram muita importância na retenção das memórias mais tenazes. A arte rupestre é uma extensão da memória, um modo mais duradouro de preservar tradições. Pais ensinando filhos é uma forma de transmitir memórias através de gerações. Ensinar uma criança desde pequena é muito importante pois ajuda a preservar a cultura e a entender as raízes de onde veio.
A tarefa mais difícil do cérebro é a de lidar com a sociedade humana. Talvez a aptidão de lidar com pessoas e a sociedade tenha sido a maior força por trás do grande crescimento do cérebro humano.
Afinal, a coisa mais complexa com a qual o homem ancestral se deparou não foi um alimento, nem uma ferramenta. nem um predador, mas a outra pessoa. A questão é que o outro alguém e não o mundo em si, que é difícil de se lidar.
Para entender os motivos do outro, para persuadir, seduzir, fazer amigos e não inimigos, tudo isso requer intelecto. Podemos vê-lo em ação com parentes próximos. Os cientistas descobriram que quanto mais complexo o grupo social de uma mesma espécie, maior será o seu cérebro. A habilidade de enganar, fazer alianças, sobrepujar os outros foi fundamental para a evolução dos chipanzés.
A sociedade humana é a mais complexa de todas as sociedades animais.Há uma pressão contínua para ser o número um. O tempo todo o nosso cérebro lida com a política; mexericos, lisonjas, maledicências em casa ou no trabalho. É simplesmente o nosso modo de conviver com as pessoas.
Por milhões de anos, o cérebro e o corpo humano evoluíram para enfrentar desafios mais complexos. Aprendemos a manipular ferramentas. Fizemos uso total do sentido visual e desenvolvemos uma potente memória. Mais recentemente, dominamos a linguagem, uma forma bem mais eficiente do trato social. Já podemos construir uma imagem detalhada do cérebro evoluído. O cerebelo, responsável pelos movimentos automáticos. No cérebro há até local especial para a linguagem e outro para as aptidões sociais. Mas ainda falta algo nesse mapa. É a misteriosa coisa que faz de você o que você é e de mim o que eu sou. Os cientistas a chamam de consciência.
A consciência é o maior dos atributos do cérebro, mas é muito difícil de definí-la. Basicamente, é a ciência que temos de nossos pensamentos e sentimentos para que cada um tenha sua própria personalidade. Sem a consciência, não seríamos mais que robôs se arrastando pelos movimentos da vida.
A consciência nos permite apreciar as grandes coisas da vida: o amor, a arte, a ciência e a religião. A consciência torna o cérebro mais do que um mero aglomerado de pequenas células cinzas e eletricidade. É o que nos torna humanos.
Como objeto, a consciência é algo muito difícil de se estudar. Mas uma série de incríveis operações cirúrgicas revelou fatos surpreendentes que comprovam que a consciência é parte de todo o cérebro, onde seus muitos elementos operam em harmonia. As capacidades mais refinadas como memória, percepção e emoções, estão igualmente ligadas a um formidável todo!
A ciência é o meio mais poderoso para se saber sobre o corpo humano, mas mesmo assim, sempre haverá perguntas que ficarão sem respostas. Muito do que nos torna humanos será sempre um mistério, até mesmo, espiritual. Chama-se isso de alma!
Referências:
BBC: O corpo Humano – O Poder do Cérebro:disponível em https://www.youtube.com/watch?v=r9LOlkEljvQ, acessado em 08 de junho de 2015.
Após assistir o filme e o vídeo encaminhados pela Interdisciplina Escola, Cultura e Sociedade: Uma abordagem sociocultural e antropológica, realizei os seguintes apontamentos:
Filme: NARRADORES DE JAVÉ – APONTAMENTOS
PESSOAIS
-
Preconceito: A mãe que resolve ler
depois de idosa e é repreendida pelo filho porque já está velha para isso.
- A Construção de uma represa no
povoado, força a população abandonar o lugar em nome do progresso. A única
forma de reverter o fato, é determinar um patrimônio local para evitar a evitar
a inundação.
- Caráter
hereditário das tradições: é preciso traduzir para a escrita, com validação
científica as histórias sabidas para que sejam consideradas patrimônio local.
Antônio Biá, carteiro local, lançando mão de sua esperteza para que o correio local
não fechasse, foi expulso de Javé para não voltar mais ao povoado. Agora, era
necessário que ele voltasse a escrever para registrar as histórias do povo, uma
espécie de dossiê, englobando as histórias de todos, como forma de se retratar
pelos boatos que havia criado no passado. Para saber destas histórias, Biá terá
de ouvir as pessoas, transcrevendo-as de forma organizada para que se consiga
compreender a pleno as narrativas. O “livro
da salvação das lembranças Javéicas”, uma odisséia.
- Pai de Tereza, Seu Vicentino Indalécio
da Rocha– Retrato de São Jorge e uma
garrucha. Indalécio, fundador de Javé, usou a garrucha, de que Vicentino é
descendente. Ele quem guiou os fundadores,
expulsos por Portugal, até o local onde a cidadezinha começou. Trouxeram
consigo o sino, a coisa mais sagrada que possuíam. (RELIGIOSIDADE). “Uma coisa
é o fato acontecido. Outra coisa é o fato escrito. O acontecido tem de ser
melhorado no escrito de foma melhor para que o povo creia no acontecido” (00:29
h - Antônio Biá)
- Ditados
populares, linguagem popular. “Habeas Corpus confundido com Corpus Christ” “inteligência
patagônica”
- Diodora – É das “regras da escritura e
eu preciso dar grafias às suas epopeias”. Javé surgiu de pessoas que estavam se
retirando de uma guerra contra a coroa. Maria Dina, uma mulher de bravura e
lutadora estava entre essas pessoas. Teria sido ela a encontrar o lugar ideal para
“cantar as divisas” de Javé, quando da morte de Idalécio. É feito uma roda de conversa.
- Gêmeos Benerê - “Uma terra vale pelo que produz, mas pode valer
ainda mais pelo que esconde”. É na terra
deles que está enterrado Indalécio e os restos de suas armas. Filhos de Margarida com Cosme, que traiu seu
irmão Damião.
- Daniel, filho de Isaias – cultiva o
lugar onde o pai residia, que faleceu por amar demais Santinha. Daniel conta da
perda de seus medo de uma única vez, quando era criança e o pai matou um homem
em sua frente. “Desta casa, eu só saio morto” (Daniel, 00:22 h)
- Músicas
folclóricas de origem africana, sanfonas e rabecas tocando baião ilustram a
trilha sonora da produção.
- Conversas com descendentes de
africanos que falam suas línguas pátrias -
“nossa gente foi trazida para cá, para esta parte da África, o Brasil,
uma grande aldeia dentro da África”. Esse povo, também seguia Indalécio, que
pra eles, era INDALEU (neste momento, o Pai Cariá, chefe desta tribo tem uma
lembrança orquestrada ao som de batuques africanos, com rituais e danças). Para
eles, a Maria Dina era “oxum”, uma divindidade que mostrava os caminhos.
- Antonio Biá tem mania de escrever frases nas paredes de sua
casa, como os primatas, culturalmente faziam em suas cavernas, ele se auto
descreve como “escrivão de prosa”.
- As pessoas de Javé ficam apavorados
com a chegada dos engenheiros, agrimensores
e uma pessoa a quem chamam de “Gaudério”.
Então, iniciam novenas para interceder pela causa, fato que os engenheiros veem
com curiosidade e resolvem retratar em vídeo. Então, as pessoa se utilizam
deste momento para fazer seus relatos pessoais, manifestando suas histórias de
ligação com o local, de forma muito emocionada. A sequência é cortada pelo som
de um tiro da arma de Daniel, que aparece das sombras.
- A população, os engenheiros, procuram
acalmar Daniel. Mas no dia seguinte, as primeiras pessoas começam a se mudar do
local, indo para a casa de parentes. A população é chamada para a igreja (RELIGIOSIDADE). Quem está tocando o
sino, é Cirilo (um antigo morador que hoje mora nas cavernas, nos arredores da
cidade), que começa a profetizar sobre a inundação do lugar. Nisso, chega
Zaqueu, que teve a ideia inicial do dossiê e o cobra de Biá.
- A noite, no armazém, toda a população
se reúne para ouvir as narrativas descritas por Biá, mas ele manda o livro em
branco, acompanhado de um bilhete se
exonerando de seu posto. Enfurecida, a população sai em busca do relator até
encontrá-lo.
- O fato de que a represa está sendo
construída é muito maior do que as história do povo, na opinião de Biá, que
novamente é expulso do lugar. Descrente da única ideia que tinham, as águas foram
tomando conta do povoado, retirando a população local a revelia de suas
histórias e construções. Uma das cenas marcantes é o povo retirante, levando
consigo o mesmo sino que estava no início da história do povoado, levando
consigo o pouco dos pertences que lhes sobraram.
VISTA
MINHA PELE – Apontamentos Pessoais
- Quando um grupo social se coloca numa
posição superior, acaba impondo aos demais a sua visão das coisas.
Utilizando-se de criatividade, o filme nos traz uma reflexão acerca do preconceitos, estigmas e pessoas “outsider”.
Tirando a cor da pele, os cabelos, o que se percebe é uma adolescente comum,
sonhadora cuja família, acostumada ao preconceito, lhe auxilia a criar “anticorpos”
para lidar com situações que evidenciem esta prática no cotidiano.
-
As questões raciais e sociais que são relatadas nos permitem refletir acerca de nossa própria realidade, como nos relacionamos uns com os outros em
nosso cotidiano vital, vestindo a pele da personagem central em muitas
situações que vão configurando a história.
Referências:
ARAÚJO, J.Z. (direção). Vista minha pele.Casa de Criação: 2003, duração 00:26:45 h (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=LWBodKwuHCM, acessado em 08/06/15)
CAFFÉ. E. (direção), ABREU. L.A. (direção). Narradores de Javé. 2003. duração 01:42 h (disponível em https://www.youtube.com/watch?v=Trm-CyihYs8, acessado em 08/06/15)
"Meu enraizamento com o mundo se dá a partir do meu corpo. O pensar é uma atividade corporal. Na sociedade contemporânea, não basta ter um corpo, é preciso que ele apareça. Nos últimos séculos da modernidade, não há mais narrativas comuns que ajudem a orientar, não há mais um local privilegiado para mitos que sejam orientadores para uma jornada de existência. Há uma pluralidade de valores a serem experimentados, percebidos, anunciados por nós mesmos de forma libertária em relação ao pensamento tradicional da antiguidade. Não há corpo onipotente, onipresente ou unívoco e esta visão deve se traduzir na educação na forma de jogos, leituras, artes, como forma de estimular a problematização em torno do corpo e as dimensões de suas condições. Nós não nos situamos apenas na dimensão do determinismos biológicos, que se traduz de fatalismo e práticas limitantes. Estabelecer uma ligação com a vida é procurarmos ciência de nossas vontades, desejos, sentimentos, problematizações, interpretações e isso só acontece a partir do estudo, da busca por este conhecimento. Quando desempenhamos os diferentes papeis de nossa vida cotidiana, nosso corpo nos oferece a oportunidade de conhecermos mais de nós mesmos, através da utilização de linguagens, significados e expressões."
Abaixo, se pode conhecer na íntegra os pensamentos de Walter Roberto Correia (https://uspdigital.usp.br/tycho/CurriculoLattesMostrar?codpub=97A2589D6BE9
Referência:
Corporeidade. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=SOYcovFKA2M, acessado em 07 de junho de 2015
O início pós-apocalíptico
retratado no filme Inteligência Artificial (que ao longo da história vai se
constituindo como uma espécie de fábula científica, orquestrada magistralmente
pela utilização maciça de recursos computacionais), propõe uma questão
paradoxal: se compete à tecnologia ser o suporte fundamental para continuidade
da existência humana neste contexto catastrófico, por que não se utilizar da
mesma para suprir o vazio emocional das pessoas?
A partir de então, o
expectador vê-se envolvido por cenas que propõe constantes discussões
filosóficas, éticas e científicas que ora viajam pelo lado negro da natureza
humana e suas possessividades, ora mesclam-se a fatos rotineiros do convívio
familiar.
O desejo humano de construir
máquinas capazes de reproduzir a capacidade humana de pensar e agir vem de
muitos anos. Todavia, essa automação se reveste de caráter inovador quando se
leva em consideração a única capacidade até então, genuinamente humana: amar.
Então, perpassando por cenas
que parafraseiam o personagem Pinóquio das histórias infantis, David (um
produto-filho-perfeito, um robô humano em fase experimental) vai se aventurando
por situações em diferentes ambientes, luxuosos ou degradantes, incutindo
charadas metafísicas ao expectador, como por exemplo: todos os desejos humanos
encontram satisfação no consumo de produtos disponibilizados no mercado? O amor
está inexoravelmente condicionado à perfeição para ser vivido a pleno? Qual o
limite entre o amor e a possessividade?
Em se tratando de
corporeidade, a cena do filme que poderia ilustrar a consciência necessária de
sua composição pode ser observada quando os robôs passam a compor uma espécie
de favela, às margens de um ferro velho, buscando pra si, partes que se
encaixam às suas estruturas corpóreas. Analisando apenas sob o caráter
descritivo desta sequência, incorremos num erro comum aos ambientes escolares:
a percepção existencial dos sujeitos condicionada
exclusivamente à sua materialidade, segundo padrões convencionais, cartesianos
e a-relacionais.
É interessante perceber que,
sendo frutos da criatividade, os robôs que aparecem ao longo do filme possuem, em sua estruturação física, traços ligados à
esperteza, a agilidade e a funcionalidade, mas sua existência consciente só se
concretiza nas ações interativas com o meio, tal qual acontece com os seres
humanos ao darem-se por conta da dimensão de sua corporeidade.
Este caráter interacionista
entre corporeidade e as percepções com o meio tem se revestido de gigantesca
funcionalidade no contexto globalizador dos dias atuais, nas mais diferentes
esferas sociais. Neste sentido, é fundamental que as instituições escolares procurem
pensar em formas de superação destas dicotomias entre corpo e mente, versadas
na constituição de seus parâmetros existenciais. A ideia de linearidade
perceptiva se torna completamente obsoleta ao passo que o corpo e seus
movimentos centralizam as reflexões filosóficas e científicas, traduzindo-se em
organizações transdisciplinares de diferentes áreas do conhecimento.
Ao contrário dos robôs onde o
processo de assimilação acontece por critérios mecânicos ou de aprimoramento, é
importante que a Escola dê-se por conta de que sua principal razão existencial
se fundamenta em seres humanos concretos, de corporeidades ativas, cujos
processos cognitivos e vitais devem ser concebidos como indissociáveis.
O ensino formal, concebido
enquanto contínuo processo de aprendizagem, reinventado nos retrocessos e nos
desafios, traduz-se em uma Escola que prioriza o fenômeno do conhecer enquanto
processo vital
E sobretudo, é importante
ter-se em mente que não há indivíduos perfeitos, de estratégicas de ação únicas
e lineares, que não envelheçam, que não adoeçam, que amem incondicionalmente,
como àqueles seres autômatos e futuristas que perfazem a história do filme,
tampouco as epopéias da vida real traduzem o eterno e irreversível “felizes
para sempre” dos contos de fadas.
A construção de uma escola sob
estes moldes é um processo gradativo, paulatino, onde a coletividade das ações,
seus encontros e intercâmbios, passa a ser fundamental para a sua real
efetividade.